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Estaleiros: Oposição acusa comissão técnica de ser o «notário» do governo

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PS, PCP e BE afirmam que a comissão de acompanhamento do processo de reprivatização dos Estaleiros funcionou em «pró-forma» do governo

PS, PCP e BE sustentaram esta quinta-feira que a comissão de acompanhamento do processo de reprivatização dos Estaleiros de Viana do Castelo funcionou apenas como «notário» e «pró-forma» do Governo, com o responsável a dizer-se de consciência tranquila.

Ouvido hoje na comissão de inquérito ao processo de subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, José Manuel Fernandes afirmou que o trabalho no «acompanhamento da legalidade e correção de todas as situações», admitindo «não ter presentes certos detalhes».

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«Não vimos nada de errado», disse, elogiando o «bom trabalho» da EMPORDEF (holding estatal para as empresas da área da Defesa) e acrescentando que a comissão «não quis intervir em aspetos de conteúdo em relação àquilo que estava em andamento».

Pelo PS, o deputado Rui Paulo Figueiredo disse só poder concluir que houve «uma visão redutora da missão» da comissão, comparando com o relatório de acompanhamento da privatização da ANA que fez «uma análise de substância».

«Uma comissão serve para isso mesmo, não é limitar-se a carimbar» e «servir de notário ao trabalho da Empordef ainda que tenha sido positivo», disse.

Perante as respostas de José Manuel Fernandes, a deputada do PCP Carla Cruz questionou como é que podem ter sido garantidos os princípios do rigor, da transparência, imparcialidade e da melhor defesa do interesse público «se a ideia com que ficámos foi que a comissão de acompanhamento foi um pró-forma».

José Manuel Fernandes recusou este entendimento, afirmando estar «de consciência tranquila».

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«Estou aqui de consciência tranquila, meus amigos. Foi um trabalho exaustivo, em prejuízo da vida pessoal, muito grande, sem nunca sermos remunerados num tostão por nada pelo país. Trabalhámos dia e noite para que isto funcionasse e tivesse sucesso», disse, referindo que a comissão fez «um ou outro alinhamento e um ou outro ajustamento» no processo.

No entanto, questionado pela deputada comunista a identificar os aspetos que a comissão interveio, José Manuel Fernandes disse que a comissão não quis intervir em «aspetos de conteúdo técnico» das propostas e centrou-se nos «aspetos da legalidade».

José Manuel Fernandes disse depois ter falado com a Empordef sobre o facto de haver propostas [de potenciais interessados na privatização] que não apresentavam «planos de negócio».

«Se as propostas finais tivessem outro valor e tivessem uma posição ganhadora com certeza não estaríamos aqui. Tudo quanto era processo foi acompanhado», acrescentou.

A deputada do BE Mariana Aiveca disse não ter perguntas a fazer, alegando que o responsável «foi dizendo sempre generalidades» que já estão referidas nos relatórios da comissão.

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«Referiu que "não tenho presente" e "não me lembro" a perguntas que foram feitas», salientou a deputada, considerando que a comissão terá funcionado «apenas como um certificado de garantia para a Empordef».

Para a maioria, o presidente da comissão técnica respeitou os princípios e a missão que lhe estava atribuída.

«Já aqui reafirmou que durante todo o processo foram respeitados os "princípios da regularidade, transparência, isenção, da imparcialidade e da melhor defesa do interesse público"», disse o deputado democrata-cristão Abel Batista.

O Governo PSD/CDS-PP aprovou em abril de 2013 o cancelamento do processo de reprivatização dos ENVC. Na altura, o ministro da Defesa alegou que, «perante a confirmação de abertura de investigação aprofundada», por parte da União Europeia, a alegadas ajudas estatais à empresa, «o Governo decidiu encerrar definitivamente o processo de reprivatização dos Estaleiros».

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