A oposição em bloco condenou hoje as declarações do primeiro-ministro sobre emigração, considerando-as «vergonhosas» e «inaceitáveis» num chefe de Governo, com o PSD a defender Passos Coelho e a dizer que este «ofereceu soluções» e «não mandou emigrar», noticia a Lusa.
«Emigrar, eis a milagrosa e vergonhosa solução do Governo para os problemas do país», criticou o deputado comunista Jorge Machado, numa declaração política no Parlamento, evocando também declarações feitas há poucos meses pelo secretário de Estado da Juventude.
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«Primeiro aconselharam os jovens, agora, veio o primeiro-ministro aconselhar os professores a emigrar, e amanhã outros se seguirão, porque o Governo, em vez de resolver o problema do desemprego, atira a toalha ao chão, aumenta o número de desempregados, promove a lei da selva nas relações laborais, agrava a exploração de quem trabalhar, transformando assim a vida dos portugueses num verdadeiro inferno», referiu Jorge Machado.
Também a deputada do BE Ana Drago se referiu às declarações de Pedro Passos Coelho, que numa entrevista ao «Correio da Manhã» sugeriu a emigração como uma hipótese para professores que não conseguem colocação, defendendo que de um governante se espera «que lute, que apresente alternativas para que o país possa contar com a geração mais qualificada da sua História».
«Um primeiro-ministro que aconselha os cidadãos do seu país a emigrar reconhece, de forma bastante explícita, que não faz ideia de como governar o país», considerou.
O deputado do PS e secretário-geral da JS, Pedro Delgado Alves, secundou as duas bancadas mais à esquerda nesta questão, considerando as declarações de Passos «um verdadeiro regresso ao passado».
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Para Delgado Alves, estas afirmações constituem «um baixar de braços completamente inaceitável»: «No momento em que devíamos ter palavras de apoio encontramos palavras de desalento».
Reacção do PSD
As críticas da oposição parlamentar mereceram uma reacção inflamada por parte do PSD, com o deputado Carlos Abreu Amorim a afirmar que «não vale tudo na política» e a defender que é necessário ter «honestidade».
«O senhor primeiro-ministro falava da situação desgraçada do país deixada pelo PS, que leva a que muitos jovens estejam neste momento sem oportunidades de emprego. O senhor primeiro-ministro ofereceu soluções, não mandou emigrar, falou em acordos de cooperação que estão a ser negociados, a pedido dos governos desses países», advogou.
O deputado manifestou ainda a solidariedade do PSD para com «os muitos milhares de jovens e menos jovens que são obrigados neste momento a emigrar» e para com «todos os emigrantes menos um».
«Um certo estudante de filosofia em Paris», ironizou, referindo-se ao anterior primeiro-ministro socialista, afirmando em seguida que José Sócrates «não merece a solidariedade de ninguém», e recebendo fortes aplausos das bancadas do PSD e do CDS-PP.
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