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«Liberdade manifestou-se insuficiente na Europa»

Assunção Esteves, Presidente da AR, diz que «prova de fogo da democracia» é hoje «o bem-estar social e económico» das pessoas

A presidente da Assembleia da República defendeu, esta quarta-feira, que a democracia, conquistada em Portugal com o 25 de Abril, tem atualmente a sua «prova de fogo no bem-estar social e económico» das pessoas, objetivo que exige novas políticas europeias.

«Sem dúvida, a democracia tem hoje a sua prova de fogo no bem-estar social e económico dos indivíduos e dos grupos. A sua matriz de um consenso sobre a liberdade carrega agora a pretensão de uma vida melhor numa comunidade alargada de iguais. Na Europa, a liberdade, sempre fundamental, manifestou-se claramente insuficiente», afirmou Assunção Esteves, que discursava no Parlamento, durante a cerimónia oficial que assinala a revolução de 25 de abril de 1974.

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Para Assunção Esteves, «a crise económica que atravessa a Europa é, porém, na verdade, também uma crise política, uma crise de sistema» e a «crise exige» um «longo caminho a percorrer pela Europa e na Europa em relação com o mundo, sobre uma estratégia unitária de defesa e gestão dos recursos comuns, no longo arco das suas políticas, da energia à vinculação do livre comércio à defesa dos direitos humanos, dos sistemas de proteção social à construção de uma nova arquitetura para uma nova ordem mundial».

«Bem vistas as coisas, a lealdade dos cidadãos ao projeto europeu só está garantida pelas consequências virtuosas desse projeto no plano da concreta existência humana», acrescentou.

Assunção Esteves defendeu que, neste contexto, «um novo mundo», um «novo espaço e alargado espaço público», em que a «política tem o horizonte do mundo global», «precisa de uma nova política».

«Precisa de uma justiça assente na igualdade entre estados e povos, na lealdade aos valores comuns da humanidade, na distribuição equitativa de poderes e de recursos. Um mundo novo precisa de uma justiça que é mais do que a solidariedade imperfeita das velhas soluções. É assim que a União Europeia deverá olhar todos os Estados membros, com a mesma imparcialidade e isenção com que Homero na sua Ilíada tratou Aquiles e Heitor, gregos e troianos. Estamos juntos no mesmo destino», acrescentou.

Para a presidente do Parlamento português, no seio da União Europeia, «o interesse de cada um apenas se resolve no exercício da vontade moral de uma justiça e de uma justiça para todos».

«Por isso, do virtuosismo cívico à mesa do Conselho Europeu, ao escrutínio e à ação constituinte dos parlamentos nacionais, o caminho é a audácia. O mundo indivisível ditou, definitivamente, a indivisibilidade dos métodos da política. A ideia de pensar e agir em comum é a única que devolve a liberdade à sua verdadeira natureza», concluiu.

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