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Portugal-Turquia: cinco ideias táticas que explicam o banho de bola nacional

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Portugal apresentou apenas uma alteração no onze inicial, em relação ao último jogo, mas que representou uma mudança estrutural e das suas dinâmicas ofensivas e defensivas: desfez a linha de cinco e voltou a uma linha de quatro atrás.

Ainda assim, perante um adversário bastante diferente do anterior e que colocou outro tipo de problemas, a equipa portuguesa tentou manter o seu registo de jogo, pressionando alto e com uma posse segura, muita paciência na construção e criação, tentando circular a bola de corredor a corredor, com bastante mobilidade de alguns dos seus jogadores.

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1. Portugal com pressão alta e intensa, baseada em algumas referências individuais

A Turquia apresentou alguma capacidade de ter bola e jogar desde trás, quase sempre numa construção de quatro defesas, mais dois médios, tentando circular para superar a pressão e procurar jogadores livres dentro do bloco português para avançar.

O avançado Yilmaz baixava um pouco sobre o espaço interior esquerdo, ficando Kökcü responsável por pedir bola no espaço entrelinhas interior direito. Nos corredores, Akgun e Akturkoglu alternavam largura com movimentos para o espaço interior.

Portugal respondia com uma pressão muito alta e intensa, baseada em algumas referências individuais. Bruno Fernandes e Vitinha tinham a missão de encostar nos médios turcos Ayhan e Calhanoglu no momento de construção adversária, jogando muito altos para que os médios adversários tivessem dificuldade em receber a bola em boas condições.

Bernardo saía muitas vezes do corredor, juntando-se mais a Ronaldo para pressionar os centrais. Ainda que abrisse o corredor, Cancelo estava sempre disponível para saltar muito alto no corredor quando necessário. Se Bernardo não subia na ajuda a Ronaldo, era um dos médios (normalmente Bruno Fernandes) quem deixava a marcação e saltava mais alto a pressionar.

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Palhinha e Ruben Dias iam controlando Kökcü, e Pepe encostava em Yilmaz se este baixava para pedir bola.

2. Algumas dificuldades iniciais em defender o corredor esquerdo, que foram corrigidas durante o jogo

Com isto a equipa portuguesa tentava impedir uma construção segura à Turquia e anular o jogo ofensivo adversário, evitando que os médios jogassem: não permitia que os jogadores entrelinhas recebessem bola, o que foi conseguindo ao longo de grande parte do jogo.

Contudo, em alguns momentos a equipa turca conseguiu superar as primeiras linhas de pressão e ficar com espaço para a atacar a linha defensiva. Somado a isso, houve alguma dificuldade inicial em defender o corredor esquerdo aquando das variações turcas, o que foi sendo corrigido ao longo do jogo (em alguns momentos Rafael Leão teve de baixar mais)

3. Vitinha baixava para ajudar Palhinha na construção, com Bernardo e Leão bem abertos

Ofensivamente, Portugal, teve de superar também uma equipa mais alta no campo. Num primeiro momento (quando a bola estava em Diogo Costa) havia uma primeira linha de dois jogadores turcos (Yilmaz e Kukcu), sendo que posteriormente o médio do Benfica baixava para próximo dos outros médios turcos.

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Portugal respondia com uma construção a quatro, com laterais abertos e baixos (num primeiro momento), Vitinha baixava também para ficar mais próximo de Palhinha e ajudar na construção, com Bernardo e Rafael Leão muito abertos nos corredores, Ronaldo mais fixo atraindo defesas adversários e procurando profundidade e Bruno Fernandes ali por perto do capitão.

Ainda que nem sempre a equipa portuguesa conseguisse sair deste momento de forma muito fluída, foi encontrando algumas soluções e nunca se sentiu muito incomodada com esta pressão. Após este pressing inicial mais alto, a Turquia organizava-se em bloco médio e com menor capacidade para limitar a circulação de bola do seu adversário.

4. Bruno Fernandes numa posição mais alta, com movimentos à profundidade, e Cancelo muitas vezes no corredor central

Num segundo momento Portugal apresentava dinâmicas diferentes para os médios e um posicionamento/dinâmicas assimétricas nos corredores laterais.

No centro, Palhinha mais posicional e mais baixo, construindo algumas vezes em linhas próximas dos centrais, enquanto Vitinha funcionava praticamente como joker da equipa, participando em grande parte dos lances ofensivos e com muita liberdade de movimentos. Baixava no momento de construção, ficando próximo de Palhinha e com muita bola neste momento, permitindo sempre, pelo seu posicionamento e qualidade individual, segurança e fluidez na circulação de bola da equipa.  Depois, num segundo momento, ficava com liberdade para se chegar à frente e aparecer em zonas de finalização.

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Bruno Fernandes jogava numa linha mais alta, ocupando zonas entrelinhas ou aproximando-se de Ronaldo para movimentos à profundidade (como no terceiro golo). Os três médios com linhas e funções diferentes iam criando muitas dificuldades à equipa turca para os defender. A este trio juntava-se depois Cancelo, que num segundo momento deixava a linha e ia para o meio (mantendo liberdade de movimentos) criando superioridade no corredor central, o que fazia com que a equipa tivesse sempre soluções para fazer a bola circular e avançar.

Bernardo Silva ficava mais fixo por fora, recebia aberto para depois combinar ou manter a bola e voltar a circular.

5. Nuno Mendes outra vez mais posicional, oferecendo soluções de segurança com bola

Do lado esquerdo as dinâmicas eram diferentes: Nuno Mendes e Leão estavam abertos, com o extremo a tentar acelerações e desequilíbrios individuais, enquanto Nuno Mendes jogava mais posicional, tocando e circulando à espera do timing certo para tocar e ir receber na frente, como no primeiro golo.

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Ainda que o jogo tenha sido de mais equilíbrio do que o primeiro, como menos domínio territorial e mais jogado próximo do meio-campo, num registo diferente do anterior, a Portugal mostrou mais segurança e capacidade com bola, desmontou mais facilmente o bloco adversário e manteve a capacidade pressionante.

De notar também a forte reação da equipa nos momentos de perda.

Ainda que com alterações ao intervalo nas duas equipas, o registo pouco mudou, sendo que o resultado ficou definido logo cedo, o que permitiu a Portugal, a partir daí, mexer e gerir o jogo de forma tranquila.

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