Já fez LIKE no TVI Notícias?

Entrevista ACAP: «Redução do IVA vai ter impacto neutro em termos de vendas»

O secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro, considera que as perspectivas de vendas para este ano não são muito favoráveis. O aumento do crédito e o sobreendividamento das famílias poderão dificultar a decisão. De acordo com o responsável, a aposta em modelos «low cost» cabe ao marketing de cada marca. No entender do mesmo, ainda compensa comprar carros a gasóleo.

O Governo acabou de reduzir o IVA. Esta descida vai ter impacto em termos de vendas?

Acho que não. O impacto vai ser neutro, porque a redução é muito pequena. Esta diminuição poderá ser positiva do ponto de vista da confiança. O que é necessário é acabar com a dupla tributação.

PUB

Mas as vendas aumentaram em Fevereiro. A tendência é para se manter?

Assistiu-se no mês de Janeiro e de Fevereiro, quando comparados com os meses do ano anterior, a um aumento significativo dos incentivos ao abate. A Acap sempre defendeu a desburocratização deste incentivo, o que veio a acontecer durante 2007. As marcas estão a fazer uma grande publicidade deste programa e tem havido uma grande adesão dos consumidores.Nestes meses houve um grande impacto desses processos, o mesmo já tinha acontecido no último trimestre de 2007. O que veio contribuir para este aumento das vendas neste período.

É uma tendência para se manter?

Achamos que é um pouco difícil. Em 2008 o comportamento da nossa economia e os últimos dados macro-económicos apontam para uma estagnação do mercado. A questão do índice de confiança está a atingir níveis muito baixos na nossa economia, está-se a perspectivar uma redução do investimento e o comportamento menos favorável da taxa de desemprego apontam para uma estagnação do mercado. Um mercado estagnado não é um mercado que achamos normal para um país como é Portugal. Ainda vivemos do reflexo da recessão de 2003, muito abaixo do ano 2000, em cerca de 150 mil unidades. Neste momento ainda é cedo para perspectivar até que ponto este efeito de abates se vai continuar a manter.

PUB

O sobreendividamento das famílias adia esta decisão de compra?

Foram essas indicações que nos levaram a prever uma estagnação da economia. O índice de confiança das famílias nestes primeiros meses do ano desceu outra vez para os valores mais baixos.

Os bancos também falam de um aumento do crédito?

O mercado bancário, tal como o automóvel, é bastante competitivo. Os produtos bancários deverão ter competir entre si e apresentar taxas mais baixas do que seria expectável. Esperemos que se assista a taxas mais favoráveis ao consumidor, porque há uma grande percentagem de consumidores que recorre ao crédito para adquirir automóvel.

Mesmo com esta estagnação, o ano de 2008 poderá ser melhor do que 2007?

Quando falo em estagnação pode ser um valor semelhante como também pode ser superior 1 ou 2% mas ainda é muito cedo para avaliar como é que o mercado se vai comportar até ao final do ano.

O que é certo é que o segmento de luxo continua inabalável?

PUB

Sim e é uma análise que se pode fazer a todos os segmentos da economia e que são os chamados nichos de mercado. São segmentos que mais resistem às crises.

As marcas têm vindo a apostar em modelos «low cost». Como vê esta aposta?

O marketing compete a cada marca. O termo «low cost» tem realmente vindo a aparecer, é um termo que está generalizado, não se destina a uma marca mas a um sector, não a Portugal mas a vários países, onde cada marca decide se deve integrar o modelo.

É mais favorável comprar um carro a gasóleo ou a gasolina

O nosso mercado está «dieselizado», 70% das vendas em 2007 foram de veículos diesel. Em consonância com o que acontece em França e em Espanha, não é nenhuma novidade do mercado português. Porquê? Porque os construtores na última década começaram a fabricar veículos diesel de monitorizações mais baixas, daqueles que se aproximam mais dos segmentos mais procurados, ou seja, B e C. No caso português, o diferencial do preço do diesel é cada vez mais pequeno e há uma tendência do Governo em aproximar a tributação em termos de ISP do diesel para a gasolina. Mesmo assim o diesel continua, para quem faz determinada quilometragem, a ter o menor consumo face a um modelo semelhante em gasolina.

PUB

Últimas