Se o Governo não avançar com o prometido plano de infra-estruturas pode provocar o aumento do desemprego e pôr em causa a sobrevivência de algumas empresas do sector.
A afirmação foi feita pelo presidente da Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas (Aneoop), Filipe Soares Franco, durante a apresentação do estudo «O Poder da Construção em Portugal-Impactos em 2009 e 2010», que está a ser desenvolvido pela entidade em parceria com a Deloitte.
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O responsável relembra que o sector representa 11% do emprego e que o investimento que tem sido feito pelas empresas em matéria de concessão rodoviária já ultrapassa os 5 mil milhões de euros. «Este valor corresponde a 4 planos de investimento anunciados pelo Estado».
Para Soares Franco, é necessário reconsiderar o sector, «principalmente numa altura em que se está a repensar no relançamento do investimento público».
«Somos um país com falta de planeamento em termos de infra-estruturas. Estas têm sempre funcionado por ciclos eleitorais, o que leva a avanços e a recuos dos projectos em Portugal, ao contrário do que acontece, por exemplo em Espanha», salienta o presidente da Aneoop.
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O vice-presidente da associação, Manuel Maria Agria, refere também que a construção tem sido um instrumento privilegiado dos Governos, independentemente da sua cor política, para potenciar o crescimento da economia. «Produz efeitos imediatos e acaba por ser aproveitado para ser o motor do desenvolvimento económico».
Mantém-se interesse na internacionalização
Além da aposta nos novos investimentos anunciados pelo Governo, as empresas inquiridas estabelecem a internacionalização como uma das prioridades.
Ao mesmo tempo, Angola é vista como um dos principais mercados e é considerada uma estratégia «para manter».
«Entre 2004 e 2006 a internacionalização registou um aumento de 150%, em que pesa cerca de 30% do volume total das empresas e, em alguns casos, chega a atingir os 50%», salienta um dos responsáveis, Miguel Eiras Antunes, da Deloitte.
Revisão do regime fiscal
As mesmas empresas reivindicam ainda uma alteração do regime fiscal português para quem se dedica à internacionalização.
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«O objectivo é terminar com a dupla tributação. Independentemente se a empresa é tributada no país estrangeiro, não deve ser tributada em Portugal», reclama outro responsável pelo estudo, Duarte Galhardas.
Crédito apertado
A opinião junto das construtoras é unânime: «há obras para fazer, o que é difícil é ter acesso ao crédito», salienta Eiras Antunes.
«A conjuntura económica e financeira é difícil, o nível de endividamento é elevado, o que torna complicado o acesso às concessões».
O estudo, que vai ficar concluído no próximo mês de Junho, conta com a contribuição dos CEO das 50 maiores empresas de construção.
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