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Nova ponte pode causar «graves» prejuízos à cidade de Lisboa

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Não é apresentado qualquer estudo sobre o efeito directo do acréscimo do número de veículos em áreas em si já bastante congestionadas, diz entidade

A Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos (OASRS) apresentou na terça-feira um parecer no período de Consulta Pública do Estudo de Impacte Ambiental da Terceira Travessia do Tejo, em que defende que o projecto, no estado em que se encontra actualmente, não tem condições de ser implementado sob pena de causar «graves» prejuízos na cidade de Lisboa.

A futura ponte Chelas-Barreiro, com início de construção previsto para 2009, prevê duas torres mais altas que as da ponte 25 de Abril (198 metros) e um tabuleiro com 67 metros de altura, sendo a primeira travessia sobre o Tejo em regime democrático a implantar-se sobre áreas urbanas consolidadas da cidade.

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A Ordem dos Arquitectos SRS considera no seu parecer que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) não leva em conta as implicações sobre o espaço público urbano e edificado existente, designadamente ao não avaliar a transformação da Avenida do Santo Condestável, em Chelas, numa via rápida, e ao ignorar as implicações que os pilares da ponte e os viadutos de acesso terão na frente ribeirinha.

A OASRS assinala que não é apresentado qualquer estudo sobre o efeito directo do acréscimo do número de veículos em áreas em si já bastante congestionadas, como a Praça do Areeiro e a Rotunda de Entrecampos, lugares onde acaba por desembocar grande parte o tráfego rodoviário da nova ponte.

Estudo não salvaguarda património edificado

O parecer da OASRS considera ainda que o Estudo de Impacte Ambiental não salvaguarda o património edificado, uma vez que admite interferências negativas na área de protecção do Convento de Chelas, classificado como Monumento Nacional. Sob o tabuleiro da nova ponte ficarão ainda os edifícios da Igreja, Convento do Grilo e o Palácio do Duque de Lafões.

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Lamentando a ausência de arquitectos na elaboração do Estudo de Impacte Ambiental e no Estudo Prévio, prevista na lei, a OASRS chama ainda a atenção para o facto de não se encontrar devidamente avaliado o impacte paisagístico dos acessos à nova travessia (com taludes de mais de 20 metros), nem serem propostas medidas de enquadramento paisagístico nos vários dispositivos de insonorização a instalar, que se prevê sejam em grande número.

Tratando-se, como o próprio EIA admite, da «constituição de uma nova paisagem», o projecto da nova ponte não tem qualquer instrumento de âmbito urbanístico ou paisagístico para compatibilização da nova Travessia do Tejo com a cidade de Lisboa, correndo-se o risco de tornar insalubres áreas como Chelas, que já têm graves problemas de espaço público.

É convicção da OASRS que o prosseguimento do projecto, tal como está, «vai comprometer a grande oportunidade de regeneração destes bairros que a construção da futura ponte oferece», conclui.

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