As empresas portuguesas têm, muitas vezes, falta de dimensão para apostarem na inovação. Como se pode ultrapassar isso?
Através da criação do que no passado se chamou de clusters. Aquilo a que se chama coopetiçao é juntar empresas que no fundo são concorrentes que se conhecem bem umas às outras e que, se resolverem em conjunto algumas necessidades de inovação, podem passar a ter escala para um processo de inovação exigente e com custos elevados, mas partilhados. Elas competem nos mercados externos e cooperam internamente no sentido de oferecerem soluções mais inovadoras.
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Quais as áreas prioritárias?
Estamos a procurar criar um cluster na área da alimentação e bebidas. Queremos também estimular as universidades e as empresas e a estudar seriamente as ciências da vida. Há três instituições de investigação muito importantes na Universidade do Porto que estamos a ver se se juntam com a empresa líder farmacêutica, que é a Bial, e se formamos um pólo de competitividade, um cluster.
Outra área a que também estamos atentos é a do calçado e dos têxteis. Sobretudo têxteis mais exigentes, técnicos, mais especializados onde temos muito boas condições de competi. Na indústria do calçado também há avanços muito importantes.
Também no mobiliário estamos a procurar estimular a criação de um cluster, onde vai ser um grande tractor o IKEA. É uma outra área em que temos uma capacidade bastante positiva, mas muitas vezes essa capacidade que temos nas universidades não é utilizada pelas empresas. Há capacidade instalada não utilizada. Procuramos ver se ajudamos a casar a procura e oferta do conhecimento.
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Pode dar-nos exemplos de casos recentes que sejam bem sucedidos?
Um caso que já tem mais de dois anos é o pólo de software do Minho. É um pólo de competitividade que criamos na universidade do Minho, juntando um conjunto de empresas em que os problemas de software têm muita importância e estão com grande resultado e já a cooperar dentro deste tipo de solução. O pólo de software está a ajudá-las a inovar numa área extremamente exigente.
No caso de sectores mais tradicionais, se analisarmos as exportações e as taxas de crescimento são muito próximas, de dois dígitos. O que queremos é que se vá mais longe, que se faça mais e sobretudo tentar ajudar duas coisas. Uma é que não há nada mais frustrante que, para quem investiga, descobrir caminhos e ninguém usar o que ele próprio investigador descobre. Por outro lado, há empresas que têm necessidade de inovar e de utilizar conhecimento já formado. O que estamos a ajudar é fazer o diálogo das empresas entre si e sobretudo delas com as universidades. Essa é uma missão fundamental.
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E com quem estão nessa missão?
Estamos a fazê-lo em articulação com o Plano Tecnológico e também com o IAPMEI. O que reconhecemos é que há uma grande preocupação com o mundo das empresas, com o mundo que faz investigação e desenvolvimento, as universidades. O que se vai fazendo pode ser escrutinado dia a dia por todos nós.
Concorda que passa um pouco despercebido aquilo que está a fazer?
Isso é a vossa missão, porque a informação é pública. Essas medidas e a sua articulação com o QREN que é o grande quadro para esta batalha que nos leva até 2013 e da qual temos que sair mais vencedores do que até aqui. Porque neste quadro há muito mais dinheiro para infra-estruturas e há muito mais para o conhecimento. Há muito mais dinheiro para saber fazer. A grande prioridade tem que ser educação, conhecimento, utilização do conhecimento e melhorar todos estes circuitos para que a produtividade do país aumente muito e para que o país inove a um ritmo mais exigente.
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