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Bancos fecham a porta aos imigrantes

Portugal recebe cada vez mais imigrantes, mas os bancos não acolhem nada bem estes novos clientes.

Longe vão os tempos em que Portugal era um País de emigração. Nos dias que correm, continuam a existir muitos lusitanos espalhados pelo Mundo, mas este rectângulo à beira-mar plantado é também casa de acolhimento para cada vez mais estrangeiros, que o escolhem para tentar a sorte. Aos cabo-verdianos, angolanos e moçambicanos, das ex-colónias africanas, juntam-se agora centenas de famílias vindas do Leste Europeu, da Roménia à Moldávia e à Ucrânia. Portugal recebe-os, mas nem sempre de braços abertos.

Antes pelo contrário. De mãos bem fechadas, é como são recebidos, pelo menos pelos bancos portugueses. Apesar de várias linhas de microcrédito específicas para imigrantes terem sido lançadas no País nos últimos tempos, os estrangeiros a viver em Portugal queixam-se de muitas dificuldades para aceder ao dinheiro que lhes pode mudar a vida. Mesmo para quem tem visto de residência, o risco é elevado, o que eleva as taxas de juro.

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BCP, UCI e CGD são algumas das instituições com linhas de crédito para imigrantes (Ver artigos relacionados). No caso da CGD, existe um protocolo com o Serviço Jesuíta aos Refugiados. Contactada pela «Agência Financeira», a responsável desta entidade, Susana Figueirinha, disse que «até agora não conseguimos nenhum empréstimos». As garantias e os documentos exigidos pelos bancos são, no entanto, o grande entrave ao arranque da vida destes imigrantes. «Os imigrantes têm bastantes dificuldades em conseguir créditos. Primeiro porque os bancos exigem muitos documentos, depois porque na maioria dos casos são necessários fiadores e autorização de residência em Portugal».

No caso desta linha da CGD, não é necessário fiador nem visto de residência, basta que o imigrante esteja legalizado, tenha conta no banco público e não tenha qualquer dívida à banca registada no Banco de Portugal.

Também no caso do crédito à habitação «são muitas as dificuldades e os entraves, nomeadamente porque são sempre exigidos fiadores. A única excepção é a União de Créditos Imobiliários (UCI), explicou ainda a mesma fonte.

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Microcrédito é praticamente a única opção

«O Microcrédito tem vindo a assumir um papel muito relevante na criação de condições de desenvolvimento de pequenos negócios promovidos por pessoas de parcos recursos e que necessitam de um pequeno crédito que, em condições normais, dificilmente lhes é concedido», diz a Intercooperação e Desenvolvimento (INDE).

Contactada também pela «Agência Financeira», a Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC), que existe para conseguir que as pessoas que não têm crédito junto da banca, mas que querem desenvolver uma actividade económica concreta para a qual reúnem condições e capacidades pessoais, possam vir a contrair empréstimos para esse fim junto dos bancos, disse desconhecer dados concretos sobre a quantidade de emigrantes que conseguem os créditos que procuram.

Sobre o microcrédito, a ANDC revela que conseguiu já 518 empréstimos (que criaram 600 empregos), num total de 2,27 milhões de euros de crédito concedido e 115.717 euros reunidos no «fundo de garantia».

«São sobretudo pequenos negócios de produção e bens ou de prestação de serviços, como limpeza, comércio, costura, reparações domésticas, restauração, vestuário, artesanato», explica.

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