O economista Luís Campos e Cunha considera que «o maior perigo a curto prazo» para os empresários e gestores na actual situação de crise mundial será a deflação, sendo que Portugal não será excepção.
«A curto prazo, o perigo maior que pode surgir para os gestores é a deflação, apesar de os bancos centrais estarem sempre a dizer que a probabilidade de isso acontecer é ínfima», afirmou o ex-ministro das Finanças numa intervenção durante o Congresso Nacional ACEGE, citado pela Lusa.
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Campos e Cunha alertou para o facto de «os níveis de alavancagem da economia a que assistimos no passado não voltarem a acontecer».
«Se fosse gestor estava preocupado»
«Não estou a dizer que é muito provável, mas se eu fosse gestor estava preocupado em «saber quais as consequências de atravessarmos um período deflacionista», acentuou.
Relativamente a Portugal, «vamos ter um aumento dos risco de crédito, o país estará fortemente mais endividado, consequência em parte, da crise e, em boa parte de políticas próprias».
O economista manifestou alguma preocupação relativamente à situação financeira dos portugueses num momento em que «estamos a tocar os limites do endividamento do Estado e, portanto, todo este conjunto de factores, implica que o crédito vai ser mais caro e mais escasso».
«Vamos viver um ambiente mais populista do ponto de vista das políticas públicas, nomeadamente, o exemplo da remuneração dos gestores, do sigilo bancário, das indemnizações a gestores com um imposto de 100 por cento, entre outras», exemplificou.
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Numa situação em que «a economia de mercado está sobre ataque e suspeição», Campos e Cunha alertou para «um intervencionismo desregrado do Estado na área económica, pelo menos em Portugal».
«Robin dos Bosques é uma ideia que me perturba
«Esta ideia que todos os meses há uma política Robin dos Bosques é uma ideia que me perturba», comentou.
No final da sua intervenção, e questionado pelos jornalistas sobre a questão do levantamento do sigilo bancário, Campos e Cunha foi evasivo, argumentando apenas que se trata de «um valor» havendo outros valores «que podem ser mais importantes que o sigilo bancário».
Pronunciou-se ainda sobre o défice: «Assumindo que as promessas do Governo são para cumprir o défice este ano terá que ser mais elevado que seis por cento».
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