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Governo não pode fazer nada para impulsionar economia

A economia nacional está estagnada, em risco de contracção este ano, e não há nada que o Governo possa fazer para impulsionar o crescimento. O economista Medina Carreira diz que «a economia nacional não está nas nossas mãos».

O Banco de Portugal (BdP) reviu esta semana em baixa a previsão de crescimento para 2005 (de 1,6% para 0,5%) e 2006 (de 2% para 1,2%). Algo que não surpreendeu os economistas. É que, tal como Medina Carreira, também João César das Neves e Teodora Cardoso já esperavam por esta deterioração das previsões de crescimento.

«O Programa de Estabilidade e Crescimento já tinha revista em baixa as perspectivas» para 0,8% este ano, lembra.

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«Já se sabia que o preço do petróleo estava a níveis muito altos, que nós não temos competitividade, que a economia europeia está em dificuldades, que a China e a Índia estão a entrar por aí a dentro, que Portugal enfrenta um longo período de estagnação, que as famílias e o Estado estão endividados¿ nada disto é novidade», alega Medina Carreira.

A verificarem-se as previsões, Portugal volta a não convergir este ano com a União Europeia. Algo que não preocupa o ex-ministro das Finanças de Mário Soares. «O mais grave é que andamos a oscilar em torno da estagnação. Se estivéssemos a divergir da média europeia estando a União a crescer 7% e nós 5%, não era preocupante. O problema é que não temos condições, nem nacionais nem internacionais que estimulem o crescimento económico nos tempos mais próximos», explica.

O mesmo considera Teodora Cardoso. «Pior do que contrair este ano, que é um risco real, é (a economia) permanecer estagnada por muito mais anos. E esse é também um risco real», alerta, acrescentando que «para regressarmos à convergência, teremos de mudar de política. Até agora a viragem não surgiu, em particular nos domínios ligados à economia e às finanças (que abarcam outras áreas, determinantes em matéria de direccionamento e atracção do investimento, como as obras públicas e o ambiente)».

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As últimas duas décadas e meia mostram que os períodos de forte crescimento económico em Portugal se basearam ou na queda do preço do petróleo, ou na descida das taxas de juro. Aliados que, nas actuais circunstâncias, não podem vir em auxílio da economia nacional. «O que acho mal é que os responsáveis não admitam que não há nada que possamos fazer no curto/médio prazo para inverter esta situação», acusa.

«A não ser que se aumentem os gastos, não há forma de impulsionar o crescimento. Mas isso agravaria o desequilíbrio externo da economia». De resto, «só um qualquer choque externo excepcional, a retoma da União Europeia ou o aumento das vendas ao exterior podem ajudar», estima.

Já César das Neves acredita que o Governo pode evitar uma recessão, se tomar «medidas sérias para controlar a despesa» e recolocar a economia no caminho da convergência dentro de dois ou três anos. «Se o fizer, ainda pode ganhar as eleições e pode lá ficar muito tempo (no poder)». A descida nas expectativas resulta de «um primeiro trimestre confuso, sem Governo, mas a tendência ainda pode ser invertida neste semestre».

O crescimento quase nulo do primeiro trimestre (0,1%) foi um dos motivos apontados pelo BdP para a redução das previsões. O outro foi o pacote de medidas de consolidação orçamental apresentado pelo Governo.

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