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Murteira Nabo: «Plano Tecnológico veio mudar a mentalidade portuguesa»

O Bastonário da Ordem dos Economistas e actual presidente da Galp Energia, Francisco Murteira Nabo, faz um balanço da economia portuguesa e fala do caminho que o país está a traçar.

Em entrevista à «Agência Financeira», o economista realça o positivo e o negativo da economia do país, sublinhando que o «trauma» do défice pode ficar resolvido este ano, quais as melhores formas para o conseguir e o que fazer depois.

Qual o balanço que faz do Governo e da economia do país?

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O país tem tido um problema traumático que se chama défice e que tem sido um elemento condicionador da estratégia de desenvolvimento e mudança. No entanto, temos vindo a melhorar nos últimos dois/três anos.

Penso que, no final deste ano, podemos atingir os objectivos de défice. A partir daí, poderá haver uma mudança profunda ao permitir-nos fazer um plano de desenvolvimento com o défice controlado. Ou seja, uma estratégia mais ambiciosa para Portugal. Temos condições para, a partir do ano que vem, atingir a diferença entre o crescimento médio da Europa e o nosso. Outra coisa boa é que o Governo foi aproveitando para fazer correcções em coisas estruturais como é o caso da segurança social, cuja reforma é fundamental, e da administração pública. Nesta última, houve uma mudança clara que vai ter efeitos mais práticos e na redução da despesa.

O que o país fez de errado nos últimos anos?

O país esteve distraído nos últimos 10 a 20 anos. Atrasámo-nos, em particular, em relação ao Norte da Europa, em termos tecnológicos, de inovação, de cultura empresarial, de vários sectores que perderam competitividade. Investimos muito em infra-estruturas que foi bom, mas não deu condições ao país que para valorizar a base tecnológica da nossa economia. Agora, a mudança da base tecnológica vai-se fazendo todos os dias, mais nas pequenas e médias empresas do que nas grandes.

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Com o défice controlado, qual é o passo seguinte?

Talvez consigamos ter uma estratégia mais agressiva de investimento e trazer mais investimento para Portugal, de forma a que consigamos ter empresas de dimensão. Mas internacionalização não é só captar investimento externo. Os nossos empresários têm de ir para fora e ganhar escala. Essa foi a minha estratégia na Portugal Telecom.

E qual é o papel do Estado?

Sou um liberal, acho que o Estado tem um papel importante na economia: Não como investidor, mas como criador natural de condições e de incentivos. O Estado tem que criar condições para que as nossas empresas tenham apostas muito maiores e não só para as grandes empresas.

Com o plano tecnológico, pela cultura que criou, o país percebeu que a questão da base tecnológica, da inovação e de mentalidade é positiva na nova economia e isso para mim é uma questão central. Quando criámos a Cotec, as pessoas estavam distraídas com a inovação. Hoje em dia, ninguém discute a sua importância, já é assumida. Também a mudança qualitativa que se está a dar a nível do funcionamento das universidades é muito importante e vai gerar com certeza instituições de grande referência.

A questão é que os outros países também estão a mudar. As nossas metas são móveis e quando as atingirmos, os outros já avançaram. Por exemplo, na energia, somos dos países do mundo com melhores condições nas renováveis. Não temos, por enquanto, petróleo, nem gás, mas temos sol, vento, ondas, marés, biomassa, floresta. Ou seja, há espaço não para sermos um país auto-suficiente, mas para importante nas renováveis e o Estado tem que criar condições para isso.

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