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«Paulo Macedo saiu barato aos contribuintes»

Para Mira Amaral, presidente do conselho consultivo da Boyden, o Estado também deveria recorrer ao «executive search» para melhorar os actuais níveis de produtividade e de competitividade.

No entanto, o responsável alerta, em entrevista à «Agência Financeira» que para isso é necessário o Executivo dar salários dignos e evitar episódios como aconteceu com Paulo Macedo.

Pertence agora ao conselho consultivo da Boyden. Que funções desempenha?

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Não sou especialista de «executive seach», mas já recorri a estes serviços do lado empresarial. Aceitei o convite para presidir este conselho e achei interessante para podermos reflectir sobre a situação do mercado de trabalho e de emprego em Portugal. Podemos também perceber quais as carências e quais as profissões em que é mais difícil arranjar as pessoas qualificadas e em quais áreas em que há excesso de oferta de pessoas.

Em que áreas há mais carências?

É mais difícil encontrar pessoas qualificadas na área de informática do que em outras áreas, porque há uma maior pressão da procura. Faltam também gestores altamente qualificados e com experiência. Também é complicado encontrar profissionais qualificados em sistemas de informação e de marketing com experiência.

Uma má escolha pode traduzir-se em prejuízos¿

Sim. A actividade começou pelas multinacionais, mas há empresas que de uma forma pontual recorrem ao «executive search». No entanto, há um conjunto de médias empresas que ainda não recorrem, mas que deviam começar a utilizar assim como o sector público que deveria começar a fazê-lo urgentemente. Se fosse ministro raciocinava desta forma, recorria ao «executive search» e evitava a insinuação «jobs for the boys». Com este recrutamento acaba-se com a ideia de «jobs for the boys» e, ao mesmo tempo, possibilita de forma competente seleccionar os mais qualificados para os cargos.

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E o Estado torna-se mais competente...

É evidente. Esta experiência começou no sector das águas que começou a recrutar gestores, o que é altamente positivo. Se hoje em dia se diz que o grande factor de competitividade das empresas são as pessoas, então ou temos as pessoas qualificadas e competentes para os lugares ou ficamos só pelo discurso. Se actualmente quando se escolhe equipamentos ou sistemas informáticos faz-se uma selecção criteriosa, ainda mais razão para fazer essa mesma selecção das pessoas. Mas para ter gente competente no sector público há que dar condições de trabalho dignas e salários dignos.

É o que está a acontecer?

Não. Estabeleceu-se uma demagogia e um miseraberalismo, quando uma pessoa competente no sector público ganha bem aparece alguém a dizer que está a ter mordomias, o que é perfeitamente chocante. Este movimento de «executive search» para o sector público é positivo, mas se continuamos com esta demagogia não vamos longe. Quando um tipo ganha, não tão bem como no sector privado, mas um bocadinho mais do que é habitual no sector público, caem todos em cima.

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É o caso do Paulo Macedo¿

É um caso evidente. As pessoas têm que ser avaliadas pelo trabalho, pelas receitas. O Paulo Macedo para o que ganhava saiu barato aos contribuintes, há outros que aparentemente ganham pouco mas que saem caros aos contribuintes, não digo quais. Este recurso ao «executive search» é positivo, mas tem de ser acompanhado pela dignificação e pelas remunerações justas e adequadas.

Portugal continua a ter o problema das cunhas e dos conhecidos?

Sim e isso revela a forma artesanal e não profissional como são recrutadas as pessoas. Quem se quer livrar das cunhas e dos favorecimentos não há melhor maneira do que recorrer ao «executive search».

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