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Preço alto trava venda de combustíveis e obriga a despedimentos nas bombas

O elevado preço dos combustíveis, resultante dos sucessivos amentos registados desde a liberalização do sector, quer por causa da subida do petróleo, quer por causa dos impostos, está a fazer com que muitos portugueses usem cada vez menos o automóvel. As vendas de combustíveis caem e as gasolineiras já falam em despedir pessoal.

«Com tantos aumentos de preços, as vendas estão a baixar. Vamos ter de repensar o negócio, vamos ter de fechar algumas horas, deixar de estar abertos à noite, reduzir despesas na iluminação dos postos e até despedir pessoas», disse o presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), António Saleiro, em declarações à Agência Financeira.

Desde que a liberalização do sector ocorreu, no início de 2004, a gasolina de 95 octanas já aumentou 32% e o litro de gasóleo subiu 47%. Subidas que reflectiram, por um lado, a subida da cotação do barril de petróleo nos mercados internacionais, e por outro, aumentos dos impostos, quer do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), quer do IVA.

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Como consequência, a venda de combustíveis registou em 2004, de acordo com estimativas da associação, uma queda de quase 10%. Para as bombas perto da fronteira, a queda foi muito mais acentuada, chegando aos 80%. Muitas destas empresas viram-se à beira da asfixia financeira quando milhares de portugueses rumaram a Espanha para abastecer os depósitos, onde os combustíveis são mais baratos, devido à mais baixa carga fiscal. Nesta altura, em Portugal, os impostos representam 62% do preço da gasolina e 50% do preço do gasóleo.

O pior é que se esperam novos aumentos nos combustíveis, já que o preço do petróleo ronda já os 70 dólares no mercados nova-iorquino, e os analistas admitem que cheguem em breve aos 100 dólares por barril.

Gasolineiras mantêm a mesma margem de lucro há três anos

Mas sempre que os preços aumentam, seja por decisão das petrolíferas, seja por decisão do Governo, «as gasolineiras não ganham nada com isso, ao contrário do que as pessoas pensam. Há três anos que as bombas têm a mesma margem de lucro. Quem ganha mais com este aumento dos preços é o Governo, porque cobra mais impostos, e as petrolíferas, que ganham mais», garante António Saleiro.

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«Em Portugal não houve uma verdadeira liberalização, e a culpa é da Autoridade da Concorrência, que não deu resposta a nenhuma questão que nós colocamos. Continuamos à espera de autorização para fazer promoções, por exemplo, em alguns dias da semana ou algumas horas do dia», acusa.

Para António Saleiro, são os intermediários que estão a lucrar com o negócio, nem são os produtores. «São os especuladores que ganham com isso. Na origem, o preço do petróleo está, quando muito, 10 ou 20% mais caro. Os preços aumentaram muito foi nos mercados internacionais. Mas no mercado de Londres, por exemplo, os valores são indicativos para quem tem reservas, não é para o petróleo que os Estados compram. A própria Organização dos países Exportadores do Petróleo (OPEP) tem um valor indicativo e nós vemos que o preço do petróleo no produtor está muito mais barato, o problema é tudo o que aparece pelo meio: os especuladores. E o Estado é um deles. Não se percebe como é que os estados compactuam com este estado de coisas», refere.

Além disso, garante, «a contrafacção está a aumentar. Quanto mais os preços sobem, mais é a tendência para a contrafacção. E o pior é que esse tipo de produto não tem qualidade, é um engano, e as pessoas estragam os carros com isso».

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