A Associação Nacional da Indústria de Lacticínios (ANIL) espera que a produção de leite em Portugal aumente já no segundo semestre de 2008 em resposta à subida da procura e afasta uma probabilidade de vir a existir escassez do produto e também de um crescimento acentuado do preço nos próximos tempos.
Em declarações à Agência Financeira, o secretário-geral da associação, Pedro Pimentel, assegurou que «não existem indicações reais de que venha a existir um disparo dos preços, especialmente a curto prazo», pondo de parte uma ideia de escassez de leite no mercado nacional.
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Para o responsável, o «pânico» que se gerou em torno da quebra de produção de leite é despropositada. «Há uma quebra de matéria-prima desde há algum tempo, mas nada que justifique uma corrida aos supermercados. O que existem são rupturas pontuais de stocks de produtos específicos, mas não se pode falar de escassez», afirmou.
Quanto ao prazo avançado por algumas fontes do sector para um aumento do preço do leite, em Fevereiro próximo, Pedro Pimentel diz que «essa afirmação é muito prematura até porque o escoamento dos produtos hoje em dia faz-se maioritariamente através de grandes superfícies comerciais e as negociações com essas plataformas não são simples. Qualquer aumento não se decide de um dia para o outro. As datas são pré-combinadas com 30 a 45 dias de antecedência».
Produtores diminuíram desde 95, mas produção aumentou 25%
Para o secretário-geral, a redução drástica do número de produtores de leite em Portugal tem vindo a assistir na última década também não é preocupante, uma vez que, no mesmo período, não existiu qualquer quebra de produção, mas antes um aumento. «Passámos de 80 mil produtores em 1995 para 12 mil em 2002, ou seja, houve uma redução de 68 mil.
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Mas no mesmo período a produção aumentou 25%», explicou. Pedro Pimentel lembra ainda que, quando se fala em produtores de leite estão incluídas não só as grandes empresas do sector, mas também as pequenas produções familiares, que tem apenas uma ou duas vacas.
A ANIL acredita que estão reunidos os ingredientes para que a produção de leite aumente em breve, apesar de nos últimos dois anos os empresários do ramo virem a sentir «alguns constrangimentos decorrentes das políticas públicas para o sector, entre elas um vazio de apoios devido à transição de um quadro comunitário de apoio para outro que ainda não está em vigor».
«Com o forte aumento de preços a que se assistiu no último ano, era natural que a produção aumentasse em resposta a esse estímulo. O problema é que estamos a falar de um ciclo biológico que leva o seu tempo e não há animais disponíveis que permitam aumentar de imediato a produção», disse o responsável, explicando que desde o momento em que uma vaca nasce até que começa a produzir leite, decorrem dois anos. Por isso mesmo, apesar do ligeiro aumento de produção que já se começa a notar, o sector em Portugal «está ainda 5 a 6% abaixo daquilo que seria o limite da quota leiteira». Mas a associação acredita que os produtores vão responder a um aumento dos preços, que torna a actividade mais atractiva e espera que no segundo semestre de 2008 «estejamos já próximos daquilo que são os equilíbrios normais no mercado».
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