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Veja a carta de despedida de Pinhal aos colaboradores do BCP

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Pinhal diz que «não teve tempo» nem as condições para iniciar a concretização de um projecto de desenvolvimento

«Prezado(a) Colaborador(a),À hora a que se inicia a distribuição desta comunicação ainda não está eleito o novo Conselho de Administração Executivo. Conservo a legitimidade para me dirigir aos colaboradores do Banco sem que, todavia, as minhas palavras sejam susceptíveis de influenciar o futuro imediato da instituição.Esta é uma mensagem de despedida. Faço-o após mais de 22 anos de trabalho numa empresa à qual sempre procurei dar o melhor de mim mesmo, em saber, dedicação e disponibilidade.Em Agosto de 1985 o BCP resumia-se a duas salas de trabalho, um plano de negócios e um conjunto de pessoas empenhadas em erigir um Banco líder em qualidade, dimensão e rendibilidade. Dez anos depois o Banco era um exemplo para todo o País e um orgulho para quem a ele estava directamente ligado.O que foi conseguido não resultou de um qualquer golpe de sorte. Foi produto da persistência de todos os que serviram o projecto com o máximo de dedicação, entusiasmo e lealdade. No último ano, esta história de sucesso foi, porém, comprometida por acidentes conhecidos: disputas entre Accionistas, divisões entre dirigentes, cobertura mediática permanentemente dramatizada, num sector de actividade que tem por dever ser discreto.Fui designado Presidente do Conselho de Administração Executivo no eclodir de uma crise que, descobri depois, tinha já atingido o ponto de não retorno e assumia proporções difíceis de imaginar no momento em que assumi a liderança do Banco por imperativo estatutário e por decisão expressa dos órgãos competentes.Como referi na altura, o meu objectivo principal consistia em materializar o valor incorporado num grupo financeiro que é sólido nos activos e no modelo de negócio, que está implantado nos mercados certos e que tem um invulgar potencial de desenvolvimento.Infelizmente não tive o tempo, nem as condições, para poder iniciar a concretização desse grande projecto de desenvolvimento, embora contasse com uma equipa com provas dadas em capacidade de realização. Grande parte do tempo e das energias foi consumido a gerir pressões informais que tinham como objectivo obsessivo conquistar o controlo do Banco, obrigando a enorme desgaste para preservar a qualidade do relacionamento pessoal, sem transigências na isenção profissional e na dignidade pessoal.Criar valor no Grupo Millennium não é mera expectativa, é uma realidade imediata na condição de existir estabilidade na vida do Grupo e dos seus órgãos de governo. Quando tomei a iniciativa de pedir a convocação de uma Assembleia-geral de Accionistas para eleger um novo Conselho de Administração Executivo tinha em vista, justamente, conquistar essas duas condições essenciais para a gestão eficaz de qualquer empresa: a unidade e a estabilidade.Como é sabido, não me foi consentido levar em frente esse projecto em razão de determinação específica recebida das autoridades no final da tarde do dia 20 de Dezembro, seguida de uma inédita sucessão de acontecimentos que se precipitaram a uma velocidade frenética.Na quadra natalícia em que, naturalmente, estavam ausentes os principais accionistas, portugueses e estrangeiros, despontou um grupo organizado apostado em apresentar uma solução de governo para o Banco, que visava substituir aquela que o Conselho Superior tinha aprovado, quase unanimemente, apenas vinte dias antes. Só os incautos podem acreditar que a escolha das datas e a reacção imediata dos protagonistas foram resultado de simples coincidência».

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