Foi com a ideia expressa de «consenso» que terminou a Assembleia-Geral (AG) do BCP esta terça-feira, tendo todos os pontos na ordem de trabalhos sido aprovados pelos accionistas presentes, representativos de 68 por cento do capital.
Isso mesmo recordou no final o presidente executivo da instituição, Carlos Santos Ferreira, mantendo a mesma ideia expressa no início da sessão, sublinhando esperar um «encontro tranquilo».
PUB
Outra das figuras desta AG, o empresário e accionista Joe Berardo acabou por ser eleito para o Conselho de Remunerações e vai passar a controlar os vencimentos dos administradores do banco.
É de referir que o empresário madeirense, detentor de 6% do BCP, tem sido um dos principais críticos das remunerações auferidas pelos accionistas da instituição financeira.
Luz verde para KPMG
O que é certo é que historicamente as AG do BCP estão longe de serem pacíficas. Este encontro estava marcado por outros pontos alvo de alguma polémica. A nomeação do auditor externo é um desses casos, cuja eleição acabou por recair na auditora KPMG-com mais de 68% dos votos-no dia em que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) recomendou ao banco que explicasse a proposta KPMG para auditores.
Aliás, à entrada da Assembleia-geral, o ex-administrador financeiro do banco, António Rodrigues, salientou que mais importante do que mudar de auditora, uma vez que no seu entender, a KPMG é uma das quatro maiores mundiais, é mudar rotativamente de «partners».
PUB
«Só existem quatro grandes empresas, se rodássemos entre consultoras, os conflitos de interesses poderiam ser muito maiores», referiu na altura.
Possível acordo à vista
Outro assunto quente eram as queixas dos pequenos accionistas fizeram financiamento junto do banco para comprar acções. Recorde-se que cerca de 100 clientes do banco avançaram com processos em tribunal por se sentirem lesados pelo BCP por terem comprado acções do banco nos aumentos de capital de 2000 e 2001.
As reclamações dos pequenos accionistas feitas individualmente são outro assunto que poderão ter um fim à vista. Depois da promessa não cumprida do antigo presidente Paulo Teixeira Pinto-que se demitiu do cargo sem ter resolvido esta questão-Santos Ferreira promete chegar a um acordo com a criação de uma figura de mediador.
«A CMVM concordou com este processo, irá designar um mediador independente e que irá funcionar nas instalações do órgão regulador», adiantou Santos Ferreira esta tarde aos accionistas.
O presidente do BCP revelou ainda que dentro de 15 a 20 dias, o presidente da CMVM, Carlos Tavares e ele próprio «irão detalhar todo este processo».
As acções do banco fecharam a perder 1,47% para 1,68 euros.
PUB