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Entrevista IMOPPI: «Metade das empresas da construção devia agrupar-se»

O problema das irregularidades do sector da construção continua a surgir das empresas de menor dimensão. Em entrevista à «Agência Financeira», o presidente do IMOPPI, Ponce de Leão sublinha que é necessário diminuir o número destas empresas. O ideal seriam umas fusões. Só assim haverá pessoal mais qualificado e obras de melhor qualidade.

Afirmou muitas vezes que os maiores receios deviam partir das empresas mais pequenas. Mas no final do ano passado, a «Operação Furacão» foi feita a algumas das grandes construtoras do país. Pode comentar?

Não estou dentro da Operação Furacão e não falarei sobre isso. A minha opinião não tem a ver com algo concreto. Vamos lá ver uma coisa: continua a ser um problema das empresas pequenas, porque as grandes vivem das pequenas e quando há informalidade nestas, é fácil as pessoas utilizarem formas de tentarem tornar, por exemplo e por vezes, os impostos que devem pagar mais leves. Para não dizer de outro modo. Continuo a dizer que o problema deste combate é relativamente às pequenas.

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É uma pescadinha de «rabo na boca»?

É que em relação às grandes, elas sabem que têm muitos olhos postos em cima. Porquê? Até pela visibilidade que elas podem ter, por exemplo, perante os concursos públicos, onde têm que demonstrar que não têm dívidas ao Estado para entrarem. E, portanto, será relativamente fácil quando se quer, e quando se tem uma dúvida, pedir elementos, entrar na empresa e saber o que é que se está a passar.

Mas não são essas as que existem mais¿

Quando entramos no mundo, que são 90% das empresas que temos neste sector da construção, elas são tão pequenas que qualquer Operação Furacão se via em palpos de aranhas para tentar encontrar o que quer que seja. Mas é essa a realidade com que o IMOPPI tem que lidar todos os dias. E com essa quantidade enorme de empresas. Com a nossa acção, com o melhoramento dos quadros legislativos não vamos permitir é que haja proliferação de erros. Paulatinamente tem que haver uma acção totalmente reformista para que o panorama daqui a que 10 ou 15 anos não seja o mesmo de hoje.

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As empresas têm que ter maior número de operários para terem maior número de engenheiros e arquitectos, ou outros licenciados. Só assim podem estar habilitadas a fazer obras de melhor qualidade. É claro que, no meio disto, vão haver empresas que se vão agrupar. O que era bom é que nas tais 50 mil metade se agrupasse e já só tínhamos 25 mil.

É esse o caminho?

É este caminho que temos que ajudar as pessoas a fazer. Algumas destas empresas vão ter que morrer. Não é mesma coisa que morrerem empresas de comércio de camisas, porque às vezes há ruas em Lisboa ou no Porto, onde não sei quantas lojas vendem exactamente os mesmos produtos e depois não têm clientes para todas. Aqui, o sector organizou-se desta forma, numa pirâmide: as empresas empreitam e sub empreitam e vamos por aí a baixo. Por isso é que há 30 anos havia empresas de 10 mil trabalhadores, que agora passaram a 1.500. Ou seja, os 8.500 foram organizar-se nestas empresas pequeninas e passaram a ser patrões de si próprios. Este é um sistema que está montado neste sector, onde as empresas não vão morrer de um pé para a mão porque estão todas em cadeia. O que vamos ter é que reformar com calma, com a ajuda do sector para que haja empresas mais qualificadas e um menor número de empresas.

Veja o resto da entrevista em cima à esquerda

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