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Nova Lei e subida de preço do tabaco levam a despedimentos

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Consumo não pára de cair

O sector do tabaco já viu dias melhores. A crise deixa cada vez menos trocos nos bolsos dos portugueses para comprar cigarros e os sucessivos aumentos de preços, não ajudam. No processo de comercialização, há um elo que fica geralmente esquecido e que está particularmente preocupado com o futuro: os grossistas temem os despedimentos, quando a nova Lei entrar em vigor, já no dia 1 de Janeiro de 2008.

Os empresários, que fazem a ponte entre as tabaqueiras e os retalhistas (tabacarias, lojas e cafés, por exemplo), acreditam que as vendas vão cair ainda mais, como explicou o presidente da Associação Nacional dos Grossistas de Tabaco (ANGT), Jorge Duarte, em declarações à Agência Financeira.

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Com a nova Lei, os estabelecimentos de restauração e similares, (como bares, cafés, restaurantes e discotecas, por exemplo), com mais de 100 m2, que queiram permitir o fumo, terão de ter duas áreas separadas, uma para fumadores e outra para não fumadores, e terão ainda de cumprir regras em termos de ventilação e extracção do fumo. Os mais pequenos. Com áreas inferiores a 100 m2, podem optar entre permitir o fumo ou proibi-lo, mas para já, muitos pretendem abolir este hábito social das suas instalações.

Razões acrescidas de preocupação para os grossistas. O consumo, é quase certo, vai cair e «as estruturas vão ter de diminuir, vai ter que haver desemprego no sector», considera Jorge Duarte.

Por isso mesmo, a associação está já a actuar junto das autoridades, nomeadamente do Secretário de Estado do Comércio, a tentar a «reconversão do sector».

O ramo do tabaco emprega cerca de duas mil pessoas em Portugal, segundo os dados da ANGT, e os grossistas acreditam que uma boa parte, «tanto a nível de empregados como de empresários», vão acabar por perder o emprego e o negócio. «Na maioria são pequenos operadores. Algumas empresas vão fechar, considerando não só a quebra de vendas, mas também o aumento dos gastos, com a Euribor a subir, o transporte mais caro, etc», explica o presidente.

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Embora admita que os seus cálculos não são científicos, o representante dos grossistas estima que o desemprego assole «à volta de 20%» da força de trabalho do sector, o que representa cerca de 400 pessoas.

Consumo voltou a descer 3,6% nos primeiros 10 meses do ano

Os últimos dados de que a associação dispõe em termos de vendas (e portanto de consumo) de tabaco, não são animadores.

Depois de uma queda de 3% em 2003, outra de 4,5% em 2004 e ainda outra de 5,4% em 2005, os aumentos dos preços do tabaco fizeram descer ainda mais as vendas. Este ano, até Outubro/Novembro, acumula-se já uma descida de 3,6%, revelou Jorge Duarte.

«Mas agora há aqui um fenómeno que temos de ter em conta. O aumento desmesurado do preço do tabaco leva a duas coisas: uma delas é a descida do consumo, porque todos nós temos um preço psicológico, a partir do qual simplesmente não compramos e deixamos de consumir; a outra é a introdução do contrabando. Quanto maior for a diferença para Espanha, maior será a entrada de tabaco contrabandeado», considera.

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Para o presidente, há um aspecto mais grave que o contrabando, «que é a contrafacção e que começa a surgir em Portugal. Enquanto o contrabando é controlado, vem de uma fábrica qualquer, seja de Espanha ou outro país qualquer, a contrafacção não, pode vir da China e nós não sabemos o que vem lá dentro», alerta.

Cigarro não fumado não é recuperado

A nova Lei vai necessariamente implicar uma quebra do consumo. E isto é fácil de explicar: «por exemplo, as pessoas até agora fumavam no local de trabalho, dois ou três cigarros. Com as novas regras, até podem continuar a fumar, indo à rua. Mas vão menos vezes. Em vez de irem três vezes, vão duas, por exemplo. Mas não vão fumar dois cigarros de uma vez para compensar o outro que não fumaram. Logo aí há queda de consumo», exemplifica Jorge Duarte.

Daí a máxima que circula entre os profissionais do sector: «cigarro não fumado não é recuperado».

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