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«Exame penalizou os bons alunos»

Estudantes do 12º ano fizeram a primeira de uma semana de provas. Dizem que o exame de Português era «muito fácil» e alguns lamentam ter estudado tanto. Mas nem todos saíram sorridentes da escola. Em casa, pais nervosos esperavam um telefonema

Satisfação, apreensão, frustração, mas sobretudo alívio. A primeira prova de uma semana de exames nacionais já está feita. Se alguns alunos do 12º ano fizeram a prova apenas para concluir o ensino secundário, a maioria quer ingressar na universidade e aí todas as notas contam, por isso tentam antecipar o dia em que as notas são afixadas e calcular o resultado. «O que é que respondeste na primeira? E nesta, puseste b?» Os olhares concentram-se no enunciado do exame de Português que acabaram de fazer. A cena repete-se em várias escolas, um pouco por todo o país.

À porta da Secundária Clara de Resende, no Porto, o PortugalDiário encontrou um grupo sorridente acabado de sair da prova. A opinião é unânime: «o exame correu bem». Com uma média de idades de 18 anos, o objectivo de todos é entrar no ensino superior. Economia, Gestão, Marketing, Direito, o curso varia e nem todos pedem Português como disciplina específica, mas «é importante não baixar a média e, se possível subir», já que nenhum deles duvida que vá passar no exame.

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«Era fácil, acessível», dizem, e não hesitam em afirmar que «este exame penalizou os bons alunos». Porquê? A explicação é fácil para estes jovens: «não exigia muito estudo e as matérias mais difíceis ficaram de fora [«Felizmente há luar», «Memorial do Convento» e questões gramaticiais]. Bastava saber escrever». Por isso, quem estudou muito para este exame sente-se frustrado, ainda por cima tendo em conta que amanhã, terça-feira, é dia de exame de História, disciplina que pede muito estudo. Além disso, estes alunos afirmam ainda que querem estudar mais para Matemática, que, além de ser uma disciplina mais difícil, é importante a entrada nos cursos que querem seguir.

Mas estes alunos mostram-se confiantes. «Há um trabalho feito ao longo do ano», afirmam, já que «era muito difícil saber todas as matérias de todas as disciplinas se estudássemos só para os exames».

Na mesma rua, apenas uns metros ao lado, outra escola: Secundária Fontes Pereira de Melo. Às 11 horas da manhã, em ponto, um toque assinalou o fim do exame. Miguel Monteiro e Ruben Gouveia foram dos primeiros a sair. Com 20 anos, foram fazer o exame para melhoria de nota, já que no ano passado não conseguiram entrar no curso que queriam - Informática. Dizem que não estudaram muito, «o suficiente», mesmo assim, consideraram que o exame não foi difícil, pelo menos «tendo em conta o que saiu nos anos anteriores». O poema de Álvaro de Campos não era esperado, mas parece não ter levantado dificuldades a estes dois alunos.

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Menos convencidas estavam Ana Claudia e Paula Jacinto, de 18 e 17 anos. Começaram por dizer que não era difícil, mas, ao longo da conversa, as dúvidas sobre como tinha corrido a prova começaram a surgir. Mesmo assim, para Paula Jacinto, o exame serve apenas para conclusão do secundário. «Quero ser polícia, não preciso da nota deste exame», afirmou. Já a amiga vai esperar pelos resultados para escolher o futuro. Quer ir para a universidade, mas quanto ao curso não tem certezas «depende das médias».

Pais mais nervosos dos que os alunos

À saída da escola são muitos os que vêm a falar ao telemóvel. O objectivo da chamada é contar aos pais como correu. Embora muitos alunos entrem nervosos para a sala de exames, os pais parecem não estar menos.

«O meu pai disse-me para lhe ligar mal acabasse o exame. Se não lhe telefono já ainda tem um ataque», disse uma aluna, meio a brincar, enquanto, por telemóvel, dava a notícia ao pai ansioso: «correu muito bem, vou ter boa nota de certeza».

Na Secundária Fontes Pereira de Melo, o PortugalDiário encontrou uma professora que também é mãe de um aluno que tinha acabado de fazer a prova. «Estou muito nervosa», afirmou, enquanto virava e revirava as folhas de exame.

Este foi apenas o primeiro exame de uma semana que promete ser longa para os alunos do 9º, 11º e 12º anos.

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