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Casa Pia: Testemunha fala em casos nos anos 70

Reformada trabalhou durante 15 anos na instituição

Uma testemunha hoje ouvida no julgamento do processo de pedofilia da Casa Pia disse em tribunal que, já na década de 70, havia jovens da instituição que se prostituíam nos «muito concorridos» jardins de Belém.

Na sessão 263, Maria Antunes, actualmente reformada mas que trabalhou 15 anos na Casa Pia de Lisboa, disse que o local se tornou especialmente concorrido depois do 25 de Abril e que chegou mesmo a mandar «para casa» um aluno que ali encontrou uma vez.

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A questão de prostituição de alunos da Casa Pia tem sido levantada algumas vezes durante o julgamento, tendo hoje a testemunha, arrolada por Carlos Silvino da Silva («Bibi»), principal arguido no processo, afirmado que embora o tema não fosse discutido dentro da Casa Pia, era de «conhecimento de toda a gente».

A testemunha negou também que alguma vez tivesse ouvido falar de actos pedófilos envolvendo o ex-motorista e alunos da instituição, uma ideia seguida por outra testemunha ouvida de seguida, Eugénia Marques, assistente de acção educativa da Casa Pia, que disse também nunca ter visto Carlos Silvino dar dinheiro a alunos ou dormir perto deles em colónias de férias.

O colectivo de juízes, presidido por Ana Peres, ouviu hoje ainda João Guedes, gerente comercial, que durante vários anos colaborou com a Casa Pia, no âmbito do sistema informático da instituição.

A testemunha admitiu ter sido ele que uma vez deixou inadvertidamente cair uma diskette junto do seu automóvel, parado perto da provedoria da Casa Pia, que tinha uma etiqueta com as palavras «SOS CPL».

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A existência dessa diskette já tinha sido referida em tribunal pela provedora da instituição, Catalina Pestana, que disse que a mesma fora encontrada perto do seu automóvel.

Hoje, o técnico informático explicou que quando tinha material para descarregar deixava a viatura perto do parque de estacionamento da provedoria, o que poderia ter dado origem ao engano.

A diskette era uma ferramenta de trabalho e era utilizada pelos técnicos para desbloquear computadores ou para acesso remoto a outros aparelhos.

Segundo João Guedes, não poderia ser usada de forma maliciosa porque a sua utilização remota pressupõe sempre a aceitação de quem está a usar o equipamento. Disse também que não era fácil o acesso aos computadores da Casa Pia a quem não tinha permissão para tal e que era «quase impossível» entrar no sistema de fora da instituição.

A referida diskette foi encontrada no chão por outro técnico, trabalhador da Casa Pia, que hoje começou também a ser ouvido.

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Na parte da tarde foi também ouvida uma educadora da instituição, que foi dizer ao tribunal que muito dificilmente os alunos internos se poderiam ausentar aos sábados à tarde sem que os educadores disso tivessem conhecimento.

Algumas das alegadas vítimas referiram os sábados como os dias que mantinham encontros sexuais com adultos numa casa em Elvas.

«Não tenho presente que alguma vez tivesse acontecido», disse, respondendo a uma pergunta de Ricardo Sá Fernandes, advogado do arguido Carlos Cruz.

Também em resposta a perguntas de Ricardo Sá Fernandes, Isabel Dias, empresária, arrendatária de diversas fracções de um prédio na Avenida das Forças Armadas, em Lisboa, disse que nunca viu Carlos Cruz ou qualquer outro arguido no edifício, onde trabalha há quase 20 anos.

O edifício foi referenciado por alguns alunos como sendo um local onde mantiveram práticas sexuais com o antigo apresentador de televisão.

«Estou lá há 20 anos. Não faço a menor ideia do que está a falar. Nunca conheci, ouvi falar ou foi comentado», disse, referindo-se a uma eventual presença de Carlos Cruz ou de menores da Casa Pia.

O julgamento prossegue amanhã às 09:30.

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