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Grupo de militares convoca «acção de solidariedade»

Processos instaurados a 22 militares por alegadamente terem participado fardados em manifestações são o motivo da iniciativa. Folheto distribuído anonimamente apela aos profissionais para que «permaneçam nas respectivas unidades» mais tempo do que o habitual

Uma comissão anónima marcou para a próxima terça-feira uma acção de solidariedade dos militares para com os colegas que foram alvo de processos por, alegadamente, terem participado fardados em manifestações. Nos últimos dias, foi distribuído aos militares um folheto, assinado por uma entidade intitulada «comissão de solidariedade». O documento apela aos profissionais para que «permaneçam nas respectivas unidades militares, em todo o país, até às 20 horas», ou seja, mais tempo que o habitual.

Segundo o folheto distribuído, a comissão de solidariedade, que ninguém sabe quem integra, foi criada para «convocar acções que surtam os efeitos desejados, sem prejuízo da disciplina e da coesão das forças armadas».

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Contactadas pelo PortugalDiário duas das associações de militares, Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e Associação Nacional de Sargentos (ANS), afirmam que já tiveram conhecimento da situação, mas garantem que nada têm a ver com a convocatória desta iniciativa e que duvidam que tenha sido alguma associação a fazê-lo. Mas, Tasso de Figueiredo, secretário-geral da AOFA, afirma que devem ser pessoas do interior das forças armadas, «porque conhecem as preocupações» do sector.

Para o secretário-geral da AOFA é normal que esta iniciativa «possa ser encarada como uma forma de manifestação», mas Tasso de Figueiredo faz questão de realçar que as características da acção não se encaixam na definição constitucional de manifestação. António Lima Coelho, presidente da ANS, frisa que esta «é apenas uma demonstração interna, que prova que o mal-estar no seio das forças armadas é grande».

Confrontados com este apelo, os militares procuram informações junto das associações. Ambas deixam a decisão de aderir ou não «à consciência de cada um» e a ANS até já emitiu um comunicado a dizer que «entende os motivos que levaram à convocatória da acção e dos que a ela aderirem».

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Em causa estão os 22 processos instaurados a militares, alegadamente envolvidos em manifestações. Embora não sejam responsáveis pela organização, as associações estão de acordo com as motivações desta acção e garantem que os militares fardados que foram vistos nos locais «onde dirigentes associativos realizavam diligências» estavam apenas de «passagem», e estavam fardados porque «regressavam do serviço».

As associações queixam-se de discriminação, já que estavam «centenas» de militares presentes «e apenas cento e sete» foram identificados. Destes, só 22 foram alvo de procedimentos, sendo que 12 já estão «sujeitos a processo disciplinar», contou ao PortugalDiário António Lima Coelho.

O presidente da ANS já solicitou uma explicação à Casa Civil do Presidente da República sobre o motivo de apenas praças e sargentos terem sido alvos de processos, quando havia outras patentes no local, mas «nunca chegou nenhuma resposta».

Enquanto as respostas não chegam e os processos não são concluídos, as associações estão a preparar «formas públicas de demonstrar solidariedade para com esses camaradas». A AOFA tem já agendado para o próximo dia 25 um «porto de honra» e a ANS, embora ainda não tenha nada definido, também irá organizar iniciativas nesse sentido.

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