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Venezuela: familiares não largam telefones

A mais de um oceano de distância, familiares «vivem» dor do outro lado do mundo

A população de Vilar das Almas, onde residem familiares dos quatro portugueses raptados na Venezuela vive concentrada nas televisões, nas rádios, nos jornais e também nos telemóveis, que não param de tocar, escreve a Lusa.

Em Vilar das Almas, Ponte de Lima, José Cardoso Barreto, primo do português raptado, recordou à Lusa que aquele comerciante do ramo da panificação «já tinha tido vários avisos». Por isso, «andava com ideias» de se estabelecer em Portugal, em nome da segurança e da tranquilidade, que não conseguia naquele país.

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«Andavam sempre atrás dele, certamente por saberem que é uma família de posses», contou à Lusa o primo.

Segundo José Cardoso Barreto, o último «aviso» aconteceu há cerca de um ano, quando indivíduos entraram na casa daquele comerciante, David Barreto Alcedo, de 37 anos, e «levaram tudo o que quiseram», entre bens e uma «avultada» quantia em dinheiro.

Mulher já tinha sido sequestrada

Antes disso, também já a mulher de David Alcedo tinha sido vítima de um rapto, que acabou por não ter consequências de maior, porque, entretanto, furou um pneu do veículo dos raptores e ela conseguiu pôr-se em fuga.

«Já se sabe como aquilo é. Cheirando-lhes a dinheiro, é um problema», desabafou, ainda mal refeito do choque que apanhou com a notícia do rapto.

Além de David Alcedo, foram também raptados o filho deste comerciante, de 11 anos, e os sobrinhos, de 13 e 10.

Os quatro foram raptados no domingo, quando regressavam de um passeio de fim-de-semana pela barragem de Uribante-Caparo.

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Pai e filho residem em S. Cristóbal, capital do Estado de Táchira, enquanto as outras duas crianças raptadas vivem em Espanha, com a mãe, tendo ido este mês passar férias na Venezuela.

«O pai do David [também português e natural de Vilar das Almas, Ponte de Lima, mas emigrado na Venezuela há 48 anos] tinha decidido reunir a família para o baptizado de um neto e comunhão de outro, mas a festa acabou nisto», lamentou José Cardoso Barreto.

Vilar das Almas em choque

A notícia do rapto deixou em estado de choque a pacata freguesia de Vilar das Almas, onde vivem cerca de 700 pessoas, das quais «entre 40 e 50» têm laços de sangue com aquela família.

«Além disso, esta é uma freguesia onde toda a gente se conhece, pelo que a notícia acabou por nos chocar a todos», disse Carlos Moreira, presidente da Junta de Vilar das Almas.

Segundo o autarca, o pai do David, apesar da sua casa em Portugal ser na zona da praia do Cabedelo, em Viana do Castelo, vai todos os anos a Vilar das Almas. «É uma pessoa de posses, que subiu na vida a pulso, mas que sempre se manteve extremamente simples e afável e nunca se desligou da sua terra-natal», disse ainda.

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Por estes dias, a população de Vilar das Almas vive concentrada nas televisões, nas rádios, nos jornais e também nos telemóveis, que não param de tocar.

«Todos querem saber notícias dos raptados, mas infelizmente poucas temos para dar, apesar de estarmos em permanente contacto com os nossos familiares na Venezuela», lamentou José Cardoso Barreto.

Maria Júlia Barros, também familiar das pessoas desaparecidas, não esconde a emoção quando diz que o que mais quer é que «esta novela tenha um final feliz». «O que mais me dói é que no meio de tudo isto estão três crianças, indefesas. Sabe Deus o que elas estarão a sofrer a esta hora e que marcas esta situação lhes vai deixar», confessa.

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