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Macron insiste no envio de tropas ocidentais para a Ucrânia e alerta: "Toda uma civilização pode morrer" às mãos da Rússia

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Adotando uma retórica mais combativa do que os restantes líderes europeus, o presidente francês não tem dúvidas do que está em jogo no cenário geopolítico. “Se a Rússia vencer na Ucrânia, não haverá segurança na Europa"

O presidente francês, Emmanuel Macron, insiste na eventual necessidade do envio de tropas ocidentais para a Ucrânia caso a Rússia consiga “romper as linhas da frente”, manifestando-se preocupado com o futuro da Europa no caso da vitória de Moscovo.

Em entrevista à revista Economist, Emmanuel Macron apresentou-se no Palácio do Eliseu muito pouco otimista em relação à segurança da Europa, face às ameaças da Rússia e da China, e numa altura de grandes desafios nas relações com os EUA. “Toda uma civilização pode morrer (....) As coisas podem acontecer muito mais rapidamente do que pensamos”, adverte.

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Adotando uma retórica mais combativa do que os restantes líderes europeus, Macron não tem dúvidas do que está em jogo no cenário geopolítico. “Se a Rússia vencer na Ucrânia, não haverá segurança na Europa. Quem pode fingir que a Rússia não vai parar por aí [em Kiev]?”, questiona, sublinhando a ameaça de Moscovo para com os restantes países vizinhos, da Moldova à Polónia.

Daí que, apesar da resistência dos restantes líderes europeus, como do chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente francês continue a insistir na necessidade do envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, caso a Rússia decida ir mais longe nas suas ameaças, ultrapassando as linhas da frente em Kiev.

“Se os russos conseguissem romper as linhas da frente, se houvesse um pedido ucraniano - o que não é o caso hoje - teríamos legitimamente de nos questionarmos sobre isso”, defende, lembrando que a França também enviou tropas para ajudar os países africanos no Sahel quando os seus líderes assim o solicitaram.

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E reforça o apelo aos restantes aliados:“Se a Rússia decidir ir mais longe, todos teremos de fazer esta pergunta.”

O presidente francês vai além das palavras, tencionando mesmo pôr em prática um novo “quadro” de segurança europeu vinculativo - uma ideia que não é bem recebida pela maioria dos países europeus, bem como pelos EUA, que desconfiam dos motivos de Macron para esse efeito, suspeitando que tal possa descredibilizar a NATO. Em 2019, numa entrevista à mesma revista, Macron já tinha falado na “morte cerebral” da NATO, lembra a Economist. Agora, porém, esclarece que “não se trata de deixar a NATO de lado” neste processo, mas sim de preparar a Europa para todos os cenários, sem contar com o apoio dos EUA. “Temos de nos preparar para nos proteger”, vinca.

Mas não é apenas a Rússia que preocupa Macron - também a China é motivo de preocupação para o presidente francês, sobretudo os avanços tecnológicos que Pequim tem vindo a desenvolver recentemente. Macron, que trabalhou na banca antes de assumir a presidência francesa, teme que a Europa esteja prestes a ficar para trás no setor tecnológico. Para o presidente francês, parte da solução reside numa injeção de capital público no desenvolvimento tecnológico, bem como na desregulamentação do setor, encorajando assim a produção das novas tecnologias.

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Uma outra preocupação manifestada pelo presidente francês prende-se com o nacionalismo emergente na Europa, associando o crescimento de partidos nacionalistas à disseminação de desinformação e à comunicação social que funciona como “câmaras de eco”. Neste contexto, Macron cita Marc Bloch, um historiador francês que foi morto pela Gestapo, depois de ter argumentado que as elites facilitaram a queda da França às mãos dos nazis em 1940, ao serem complacentes com o regime. 

“O que me mata, tanto em França como na Europa, é o espírito de derrota”, assume Macron, argumentando que este espírito derrotista que diz estar a ganhar terreno no continente europeu só pode resultar numa coisa: “As pessoas habituam-se e param de lutar.”

No entender de Emmanuel Macron, segundo a Economist, é isto que está em jogo na Europa: as elites estão a começar a assumir que as sondagens de opinião são um resultado inevitável e acabam por se resignar. “A política não se faz com sondagens. É uma luta, é sobre ideias, é sobre convicções”, defende.

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