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Casa do Gaiato: responsável nega maus tratos

E acusa Segurança Social de querer «assenhorar-se» da Obra do Padre Américo

O responsável pela Casa do Gaiato em Setúbal, padre Júlio Pereira, negou hoje a existência de "maus tratos" a crianças na instituição e acusou a Segurança Social de querer "assenhorar-se" da Obra do Padre Américo.

"Há uma tentativa da Segurança Social de se assenhorar das Casas do Gaiato, ou de nos obrigar a fazer tudo como eles querem", disse à Lusa o padre Júlio Pereira, ao ser confrontado com a suspensão provisória do encaminhamento de crianças para a Casa do Gaiato.

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O relatório final da auditoria elaborada pela Inspecção-Geral do Ministério da Segurança Social à Casa do Gaiato conclui que existem indícios de maus tratos, psicológicos e físicos, e descreve o ambiente da instituição como sendo de "isolamento, repressão e clausura", noticia hoje o Público.

O documento diz que a maioria das 482 crianças, jovens e adultos acolhida pela Casa do Gaiato - Obra do Padre Américo, deve viver em grande sofrimento por ter sido abandonada pela família e por não gostar de viver na instituição, onde "abundam o trabalho, a disciplina e os castigos", escreve o diário.

"A grande prioridade das crianças é a escola, mas também temos tempos de estudo, horas livres e várias actividades, mas nada que se possa qualificar ou parecer com o trabalho infantil", disse à Lusa o padre Júlio Pereira, negando, uma vez mais, a existência de "maus tratos" a crianças da instituição.

"Na Casa do Gaiato vivemos como uma família, os rapazes são muito queridos de todos nós e não temos falta de roupa, comida e guloseimas, ao contrário do que terá sido referido no relatório da auditoria da Segurança Social", acrescentou o responsável da instituição em Setúbal.

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Por outro lado, Júlio Pereira garantiu que os auditores da Segurança Social falaram com todos os jovens que entenderam, de uma forma totalmente livre e sem a presença dos responsáveis da instituição, mas alega que as "perguntas foram muito direccionadas para detectar eventuais casos de abuso sexual".

"Pelos comentários que ouvimos às crianças, percebemos que havia um certo dirigismo nas perguntas - se tinham namorados, se ia alguém dormir no quarto com eles e outras coisas insultuosas para as próprias crianças e para todos os que vivemos na Casa da Gaiato", esclareceu o padre.

Por outro lado, Júlio Pereira garante que teve apenas conhecimento de um caso de alegados abusos sexuais de crianças na Casa do Gaiato, que terá ainda de ser julgado no Tribunal de Setúbal.

Questionado sobre a decisão do Ministério da Segurança Social de suspender, provisoriamente, a entrega de crianças à Casa do Gaiato, o padre Júlio Pereira reconhece que não tem havido procura por parte da Segurança Social, mas acrescentou que na passada quarta-feira foi contactado pela Comissão de Protecção de Menores de Niza para acolher dois gémeos de 14 anos.

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Quanto à eventual transferência de uma centena de crianças e jovens que vivem na Casa do Gaiato para outras instituições ou famílias de acolhimento, o padre Júlio Pereira acredita que tal não irá acontecer, mas não tem dúvidas de que as "principais vitimas seriam as crianças".

"Penso que aquilo que está por detrás de tudo isto é apenas o interesse de algumas pessoas e de alguns lobbies da Segurança Social, porque a Casa do Gaiato é uma obra totalmente livre na sua acção, não recebe dinheiro da Segurança Social e, por isso, não tem de obedecer aos requisitos que nos querem impor", acusou.

"Querem ser eles a dirigir as Casas do Gaiato e comandar a Obra do Padre Américo, ou então fazer de nós funcionários da Segurança Social", concluiu.

O padre Júlio Pereira dirige a Casa do Gaiato de Setúbal desde Julho de 2001, tendo substituído no cargo o Padre Acílio Fernandes, que tinha sido eleito responsável nacional das cinco Casas do Gaiato que acolhem cerca de 500 crianças e jovens de todo o País.

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