Já fez LIKE no TVI Notícias?

Relatos de dor e tristeza no Peru

Sismo foi há uma semana, mas ainda há muitos desaparecidos

Foi há uma semana que a terra tremeu no Peru, deixando um rasto de morte e destruição. Mas para as comunidades mais afectadas, ainda não chegou o tempo do luto e da reconstrução, já que ainda há corpos por resgatar.

Dados oficiais mais recentes do Instituto Nacional de Defesa Civil (Indeci) mostram que o terramoto provocou a morte de 513 pessoas, mas na praça de Pisco ainda há uma lista com nomes de pessoas desaparecidas.

PUB

O forte tremor também causou a destruição de 35.000 casas em cinco regiões do país, incluindo a capital peruana.

Em Pisco, é no Hotel Embassy que se concentram as preocupações das equipas de resgate. Dois dos cinco pisos do edifício simplesmente desapareceram, levando consigo os que estavam lá dentro. Um corpo já foi resgatado dos escombros, mas não se sabe quantos continuam nos escombros. Os responsáveis afirmam que pelo odor de corpo em decomposição, sabe-se que há mais mortos, mas pode ser um ou dezenas. Na praça continuam o veículo frigorífico preparado para receber mais corpos.

As informações iniciais são de que pelo menos 15 funcionários e hóspedes do hotel desapareceram, mas poderão ser mais. «O hotel estava lotado», disse uma moradora local. «Aqui ficavam turistas e gente que vinha de outras partes do país a trabalho. Pessoas a quem os habitantes daqui não procurariam».

Máquinas pesadas começaram a trabalhar na demolição dos três últimos andares do prédio, o que permitiria a exploração dos escombros dos dois andares inferiores. A instabilidade das ruínas, que ameaçam soterrar também os socorristas a cada nova réplica do tremor, é até agora o principal inimigo das equipas de resgate.

PUB

A busca por cadáveres também é intensa noutros pontos da cidade. A maior parte dos mortos já foi enterrada no cemitério local, em cerimónias colectivas e covas abertas às dezenas por retroescavadoras.

Cerca de 30 mil pessoas ficaram desalojadas. Alguns estão nos dez campos montados pelas autoridades, mas muitos dos que perderam as casas ainda resistem a ir para as barracas. Temem que saqueadores roubem os poucos bens que possuíam e permanecem sob os escombros de suas casas, sem electricidade nem segurança.

Os saqueadores têm atacado as casas que ficaram vazias. Um dos métodos que utilizam para afastar os poucos habitantes que ficaram é semear o pânico. «É um tsunami», gritam, levando a que toda a gente fuja para um local seguro.

Devastação, dor e tristeza

Entre a ajuda internacional enviada para o Peru está uma equipa de emergência médica espanhola. O médico Carlos Barra Elgueta, um dos elementos desta equipa, enviou ao El Mundo um testemunho do que se vive no local.

PUB

«Estamos aqui há três dias, mas já nos sentimos em casa. As imagens de devastação, dor e tristeza que nos receberam, misturam-se com a amabilidade e carinho com que nos acolheu o povo peruano.

A primeira paciente foi atendida apenas três minutos depois de ter sido montado o hospital de campanha. Tinha problemas respiratórios. Seguiu-se um homem com problemas urinários depois uma criança e mais e mais pacientes. Foram 60 em apenas três horas. Enquanto escrevo este testemunho, temos à porta 30 pacientes.

Entre réplica e réplica (duas nas últimas horas), a equipa continua a conseguir trazer alguma ajuda a estas pessoas que nos retribuem com sorriso».

PUB

Últimas