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Governo dá ordem de despejo a moradores das casas da GNR na Ajuda

Saídas terão de ocorrer ainda este mês. Tentativas de despejo têm acontecido nos últimos anos, mas há antigos guardas que foram permanecendo nas residências. Alguns têm 70 a 80 anos.

O Ministério da Administração Interna ordenou o despejo imediato dos moradores que ocupam indevidamente casas de função da Guarda Nacional Republicana no Pátio da Quintinha, na freguesia lisboeta da Ajuda. A saídas terão de ocorrer ainda este mês.

Segundo uma notificação de despacho da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, à qual a agência Lusa teve acesso, alguns residentes têm de sair até ao dia 26 de agosto. Nesse dia, será realizada uma "execução administrativa coerciva", visando "a desocupação integral de pessoas e bens".

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Em causa está o facto de estas casas de função terem sido cedidas aos militares "a título precário, para exclusiva prossecução do interesse público", prevendo a sua restituição quando o militar "deixasse de exercer funções na corporação ou quando tal fosse determinado", refere o mesmo documento.

Porém, tal não aconteceu e, apesar de algumas tentativas de despejo nos últimos anos, estes antigos guardas foram permanecendo nas residências. Hoje em dia, alguns têm 70 e 80 anos.

Há muito que alguns utilizadores de casas não cumpriram com as disposições legais que determinavam a sua restituição [dos imóveis]. A Guarda, em obediência às disposições em vigor, notificou os utilizadores em situação manifestamente indevida para as restituírem dentro do prazo legal, o que não aconteceu"

"Em resultado dessa não restituição foram remetidos os respetivos processos" para a "determinação de despejo administrativo imediato". Contudo, "existem momentos e prazos distintos para a realização das execuções administrativas", esclareceu à Lusa o Ministério da Administração Interna salientou, através de uma resposta escrita dada pela GNR.

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A situação foi criticada pela delegação de Lisboa do PCP. O vereador comunista na Câmara de Lisboa Carlos Moura indicou que "está a ser quebrado um compromisso feito pelo Ministério [quando o Presidente da República era Ramalho Eanes] de que estas pessoas poderiam ficar até que a última falecesse". "Chega o final do mês e estas pessoas, algumas delas idosas, vão ter de ir para a rua", lamentou.

Acresce que as ordens de despejo acontecem em agosto, "numa altura em que a Assembleia da República [AR] e a Câmara de Lisboa não estão a funcionar", assinalou à mesma agência Carlos Moura, classificando a este caso como "chocante e dramático".

Entretanto, o partido questionou o presidente da AR, Eduardo Ferro Rodrigues, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, sobre esta matéria.

Também ouvido pela Lusa, o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, vincou que "estão em causa idosos que, com a pouca reforma que recebem, não têm dinheiro para uma [habitação] alternativa" em Lisboa.

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Apesar de reconhecer que "as casas eram para o início da carreira" dos militares, César Nogueira disse que "a culpa é do Comando [da GNR] e do Ministério da Administração Interna, que deixaram a situação arrastar-se no tempo".

Agora que as pessoas estão incapacitadas é que as querem tirar, mas têm de arranjar soluções"

Por seu lado, fonte do município indicou à Lusa que "estas matérias são sempre passíveis de acompanhamento em sede da rede social de Lisboa, onde está a Câmara juntamente com outras entidades", que acompanham questões como a habitação social.

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