A sentença do alegado homicida de São João da Pesqueira, conhecido como Manuel "Palito", prevista para esta terça-feira, foi novamente adiada.
A leitura do acórdão do processo do presumível homicida foi reagendada para quarta-feira, depois de um perito da Polícia Judiciária ter esta terça-feira confirmado a existência de quatro disparos, mais um do que admitia o acusado.
Manuel Baltazar, conhecido por "Palito” na terra onde mora - S. João da Pesqueira -, está acusado de ter disparado uma arma tipo caçadeira contra a filha e a ex-mulher (Sónia Baltazar e Maria Angelina Baltazar, que ficaram feridas) e duas familiares desta (a tia e a mãe, Elisa Barros e Maria Lina Silva, que morreram).
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A leitura do acórdão já esteve marcada duas vezes, mas uma "alteração não substancial" dos factos relacionada com o número de disparos levou o advogado de "Palito", Manuel Rodrigues, a pedir esclarecimentos.
Três cartuchos e uma buchaSegundo Luís Silva, foram recolhidos "três cartuchos deflagrados, dois deles com bagos de zagalote e um com indicação de carga de bala", e ainda uma bucha de um tipo de bala que não corresponde a esses cartuchos.
Na sua opinião, essa bucha "seria de um quarto cartucho, correspondente a um quarto disparo", mas que não foi encontrado apesar de "esforços redobrados".
A defesa de Manuel Baltazar alega que foram três tiros. “Palito” já confessou os homicídios em tribunal, mas sempre negou a intenção de atirar sobre a filha.
Durante o julgamento, Manuel Rodrigues tentou demonstrar que "Palito" atingiu inadvertidamente a filha, com o disparo que se destinava à ex-sogra.
No final da sessão da sessão, quando questionado se tinha algo a acrescentar, Manuel Baltazar reiterou que "só foram três tiros".
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No seu entender, "ele quis efetivamente matar ambas" e, por isso, voltou a pedir a pena máxima de 25 anos de prisão.
"Estamos perante duas balas bailadoras, que bailam ao sabor dos caprichos da acusação", ironizou o advogado Manuel Rodrigues.
No final da sessão, em declarações aos jornalistas, disse continuar a achar "impossível que aquelas duas balas tenham causado os vestígios e os danos físicos que causaram".
"Na verdade, há só um único tiro que atingiu a avó e a neta", frisou.
Tinha também sido chamado ao tribunal um segundo perito da PJ, para falar de balística, mas Manuel Rodrigues prescindiu dele, por ter dado conta de que "estava a remar contra a maré".
"A convicção do tribunal está mais do que constituída. Portanto, todo o esforço que façamos a partir daí já não é significativo", considerou.
O julgamento de Manuel Baltazar decorre no Tribunal de Viseu desde fevereiro. O arguido está em prisão preventiva depois de andar mais de um mês a monte. Manuel Baltazar está acusado de quatro crimes de homicídio qualificado (dois dos quais na forma tentada), um crime de detenção de arma proibida e outro de violação de proibições ou interdições.
A 17 de abril de 2014, Manuel “Palito” matou a ex-sogra e uma tia da mulher enquanto faziam doces da Páscoa. Na casa de Valongo dos Azeites, em São João da Pesqueira, estavam ainda a ex-mulher e a filha de ambos.
No final de 2013, Palito tinha sido condenado por um crime de violência doméstica e estava proibido de contactar Maria Angelina Baltazar, a ex-mulher, de quem se devia manter afastado.
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