A ministra da Saúde anunciou este sábado que o relatório de situação de domingo incluirá mais 9.652 doentes recuperados de Covid-19, que ainda não estão contabilizados nos números oficiais. Em conferência de imprensa, Marta Temido revelou que passarão a ser incluídos os doentes considerados curados que não estiveram internados e que foram seguidos em ambulatório pelos médicos, que os consideraram curados na aplicação clínica Trace Covid.
Para prevenir duplicação dos dados dos utentes curados, a ministra explicou que houve um cruzamento dos números de utente dos doentes, para garantir que estes casos não estavam ainda incluídos nos já extraídos e incluídos no boletim epidemiológico diário da Direção-Geral da Saúde.
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Todos estes doentes já recuperados têm pelo menos um teste negativo à Covid-19, sublinhou Marta Temido.
O relatório de situação diário apenas incluía até à data as notificações de casos recuperados reportados pelos hospitais e pelas autoridades de saúde. Este ssábado, o boletim dá conta de 7.705 doentes recuperados.
Desses utentes que têm registo de recuperado no ‘Trace covid-19’, [um total de] 9.652 têm, pelo menos, um teste Covid-19 negativo, por isso devem considerar-se recuperados e amanhã [domingo] serão incluídos no relatório de situação. Para garantir que nenhum destes utentes, destes 9.652, era um caso já extraído, ou seja, que nenhum destes 9.652 utentes era um dos 7.705, e para prevenir eventuais duplicações, procedeu-se a um cruzamento do número de utente, garantindo que a informação é fiável”, explicou Marta Temido.
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A ministra da Saúde referiu também que é possível que o total de recuperados venha a crescer ainda mais em relatórios de situação posteriores se entretanto se confirmarem em laboratório alguns registos de recuperação que ainda aguardam confirmação laboratorial.
Por prudência e cautela, o que fizemos foi gerar um alerta informático para verificação se estes casos são efetivamente também casos recuperados. Estes trabalhos estão a decorrer e poderão vir a refletir-se, ou não, num outro relatório de situação mais adiante”, disse.
A ministra da Saúde falou ainda sobre o aumento de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, referindo que as autoridades estão a investigar esta tendência e que tudo indica que não se deva ao desconfinamento, mas a "momentos de relaxamento" em locais de trabalho.
Marta Temido explicou que foram identificados focos e surtos de Covid-19 associados a locais de trabalho, empreendimentos comerciais e industriais e locais de construção, e que o número de casos não se deve ao não cumprimento das regras impostas pelas autoridades de saúde mas ao referido "relaxamento" em momentos de pausa dos trabalhadores.
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A ministra da Saúde disse também que as situações que levaram a que vários enfermeiros sofressem cortes no seu vencimento já foram corrigidas institucionalmente.
Verificaram-se atrasos na entrega de alguns formulários necessários para que os processamentos remuneratórios fossem feitos em algumas instituições e essas situações já foram corrigidas institucionalmente”, afirmou ainda Marta Temido, na conferência de imprensa diária sobre o ponto de situação da Covid-19.
O Sindicato dos Enfermeiros acusou o Estado de não cumprir com o que está legislado em relação aos horários de trabalho, ao pagamento de trabalho suplementar e ao Regime de Prevenção e disponibilidade permanente daqueles profissionais de saúde, e anunciou hoje que vai apresentar uma queixa à Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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Segundo o sindicato, verifica-se também o incumprimento dos períodos de descanso, o impedimento do gozo de feriados/tolerâncias em algumas instituições e o gozo de férias previstas.
A ministra afirmou que o seu ministério se vai manter atento “à evolução daquilo que possam ser situações especialmente gravosas” para os profissionais e saúde e sublinhou que vai “trabalhar com as estruturas representativas dos trabalhadores e com associações públicas profissionais no sentido de garantir que em termos laborais e deontológicos estão criadas as melhores condições para um funcionamento harmonioso”.
A Ordem dos Enfermeiros denunciou que vários profissionais, infetados no local de trabalho pelo novo coronavírus, “sofreram cortes significativos no vencimento” ou ficaram sem o seu ordenado.
Governo avalia incentivos financeiros para recuperar actos médicos canceladosA ministra da Saúde disse também que está a estudar incentivos financeiros que permitam recuperar as consultas, exames de diagnóstico e cirurgias canceladas devido à pandemia, e defendeu alterações no funcionamento das Unidades de Saúde familiar.
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Temos estado a trabalhar num plano de identificação de toda a atividade suspensa e estamos a preparar um plano que permita o incentivo financeiro de recuperação da atividade”, afirmou Marta Temido.
Segundo os últimos dados disponíveis, entre 16 de março e fim de abril ficaram por realizar 51 mil cirurgias, 540 mil consultas hospitalares, 840 mil consultas de Medicina Geral e Familiar e 990 mil consultas de enfermagem.
A recuperação dos atos médicos cancelados é, nas palavras da ministra, “um dos focos de atividade” do Governo, que está a preparar “um conjunto de documentos orçamentais e iniciativas” para responder à atividade médica que sofreu perturbações devido à pandemia por covid-19.
Além da disponibilização de mais verbas para o Serviço Nacional de Saúde, Marta Temido também defendeu alterações no funcionamento na área da saúde geral e familiar, com recurso às novas tecnologias.
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