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25 de Abril em Sabrosa invadido por protesto contra encerramentos

Manifestaram-se por um concelho que já perdeu o tribunal e teme perder as finanças

Cerca de 200 pessoas interromperam hoje as comemorações do 25 de Abril, em Sabrosa, no distrito de Vila Real, num protesto contra o encerramento de serviços públicos num concelho, que viu fechar o tribunal e onde se teme que aconteça o mesmo aconteça às finanças.

Mal a banda de música de Sabrosa acabou de tocar, descreve a Lusa, os manifestantes, muitos dos quais empunhavam cravos vermelhos e negros, avançaram para perto da porta de entrada da Câmara Municipal (de maioria PS), onde estava a decorrer a cerimónia oficial das comemorações dos 40 anos da revolução.

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Nas mãos levavam ainda cartazes onde se podia ler palavras de ordem como «passos largos para o deserto», «contra a morte do interior» ou o «povo constrói e o Governo destrói».

O boicote ao protocolo foi pacífico e os impulsionadores do recém-criado «Movimento Pelo Concelho de Sabrosa e Pelos Valores de Abril» aproveitaram o microfone para lançarem duras críticas ao Governo PSD/CDS-PP.

«É preciso alterar o futuro que nos querem impor. Depois de fechar o tribunal seguem-se as finanças, a segurança social e depois será o próprio município. Sabrosa corre o risco de se transformar num dormitório», afirmou José Adelino, porta-voz do movimento.

A comarca de Sabrosa está na lista de encerramentos anunciada para 1 de setembro pelo Ministério da Justiça e, no concelho, teme-se que também as repartições de finanças fechem as portas.

Há 40 anos Flávio Mota estava no Largo do Carmo, em Lisboa, onde viveu e sentiu a revolução. Hoje, em Sabrosa, diz que «a única coisa que atualmente está bem é poder estar a falar» e que o «resto está tudo mal».

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«Estou aqui para lutar pelos nossos interesses e pelo roubo que me fizeram à reforma», salientou.

Flávio Mota referiu que esta «terra de muita gente idosa e pouca gente nova» vai ficar muito prejudicada com o encerramento dos serviços, até porque não há «dinheiro para pagar um táxi» para ir a Vila Real, à sede de distrito.

Celeste Marques é um dos rostos femininos do movimento e fez questão de salientar que as mulheres de Sabrosa estão de luto porque não querem que os seus maridos e filhos emigrem.

De «mulher para mulher», Celeste Marques desafiou a ministra da Justiça a vir ao interior conhecer a realidade local, as aldeias distantes da sede de concelho ou a viajar pelas suas estradas estreitas e sinuosas.

Suzete Chaves associou-se ao protesto mais por causa dos muitos idosos que vivem no concelho. «Nós, mais jovens, através da internet conseguimos fazer quase tudo, mas a população mais envelhecida precisa destes serviços porque também não tem como se deslocar a outros sítios para fazer as suas coisas», acrescentou.

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O presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques (PS), disse estar ao lado da população. «O que acabamos aqui de assistir é precisamente uma celebração a Abril, é o povo, de forma cívica e ordeira, poder vir reivindicar, poder vir afirmar e denunciar as injustiças de que está a ser vítima por estas políticas de uma austeridade militante», salientou o autarca.

José Marques acredita que as políticas do Governo vão fazer com que as populações fiquem «efetivamente marginalizadas no acesso a determinado tipo de serviços, pelo distanciamento que tudo isto cria, nomeadamente na questão da justiça».

«Isto é profundamente grave», sublinhou o autarca, que promete avançar com uma providência cautelar por ação popular contra o encerramento do tribunal.

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