A Direção-Geral da Saúde e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge estabeleceram para Portugal quatro linhas vermelhas para controlar a covid-19 no país. Depois de muitos pedidos para que se fizesse uma revisão, incluindo da parte do Presidente da República, os especialistas entenderam que não é ainda o tempo de fazer a alteração destas medidas.
Essas quatro linhas são o índice de transmissibilidade (Rt), a incidência, os internamentos em cuidados intensivos e a positividade de testes, que segundo a especialista Andreia Leite devem continuar a ser seguidas.
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Destes, os primeiros dois são os principais, e permitem identificar a situação epidémica.
Segundo a especialista da Escola Nacional de Saúde Pública a execução do plano de vacinação faz com que se possa considerar uma diferente avaliação de risco.
Assim, e seguindo as conclusões de alguns especialistas e também aquilo que é seguido por outros países, essa alteração dos critérios de risco está em cima da mesa.
Atentando nas diferentes variantes, a especialista diz que a variante do Reino Unido não afeta especialmente a eficácia da vacina, algo que parece também acontecer com a mutação descoberta inicialmente na Índia.
Desta forma, e ainda que admita que o cenário é diferente, os especialistas propõem que se continue a utilizar a mesma matriz de risco, continuando a ter especial foco na incidência e na transmissibilidade.
Andreia Leite indicou que a incidência "traduz menor probabilidade de transmissão e menor probabilidade de aparecimento de variantes" e é "o indicador precoce que permite atuar adequadamente e atempadamente.
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Permite também perceber se ao levantar medidas de restrição há "recrudescimento da transmissão e identificar se existe alguma alteração das características do vírus ou da resposta das vacinas a novas variantes", frisou.
Falando em nome de uma equipa que inclui investigadores de várias instituições, como o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Direção-Geral da Saúde e faculdades de ciências de Lisboa e Porto, defendeu ainda que se deve "adicionar a monitorização da efetividade das vacinas" aos indicadores a ter em conta.
A vacinação deverá contribuir para manter valores controlados de infeção, logo não se justifica [a modificação da matriz de risco]", considera a equipa.
"A matriz permite dar o alerta e os outros indicadores [mortalidade, variantes de preocupação ou proporção de vacinados] devem ser considerados numa avaliação de risco mais detalhada" para decidir medidas, mas numa fase subsequente, defendem os peritos.
A equipa teve em conta os critérios internacionais de reconhecimento de risco adotados por outros países europeus, cujo exemplo serviu para fazer a matriz de risco adotada em Portugal.
Andreia Leite apontou ainda que o modelo das "linhas vermelhas", adotado em março deste ano para o início da fase de desconfinamento, "já é conhecido de todos" e salientou a importância de manter "uma comunicação estável e clara".
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