O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) revelou esta quarta-feira que a carga poluente que afetou o rio Tejo na zona de Abrantes, a 24 de janeiro, teve origem nas descargas da indústria da pasta de papel.
O que estamos aqui a referir é que, com base nestas análises efetuadas, e na monitorização e acompanhamento efetuados, se confirma que o acumular da carga orgânica nestas localizações do rio, com origem nas indústrias de pasta de papel localizadas a montante, tem um impacto negativo e significativo na qualidade da água no rio Tejo”, afirmou Nuno Lacasta.
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O dirigente da APA, que falava na sede do organismo, no Zambujal, concelho da Amadora, explicou que a elevada concentração de carga orgânica resultou de uma conjugação de fatores, mas que na próxima semana será avaliada a medida de redução de descargas, determinada pelo Ministério do Ambiente, da fábrica da Celtejo.
Celtejo refuta responsabilidade da poluiçãoA Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri, em Vila Velha de Ródão, reiterou hoje que é alheia aos recentes fenómenos de poluição no rio Tejo e adiantou que a redução dos efluentes em 50% é inviável.
"A Celtejo é completamente alheia ao que tem surgido [rio Tejo]. Não temos qualquer anomalia ou qualquer descarga e a produção ao longo das últimas semanas tem sido estável", afirmou o diretor de Qualidade e Ambiente da empresa, Soares Gonçalves.
Este responsável falava à comunicação social após uma vista de apresentação da nova estação de tratamento de águas residuais industriais (ETARI) da empresa, que entrou em funcionamento em 29 de setembro de 2017 e cujo investimento foi de 12 milhões de euros.
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Soares Gonçalves explicou ainda que a nova ETARI utiliza tecnologia de ponta com ultrafiltração por membranas, sendo a mais moderna no país e cuja capacidade dos três reatores é de 36.000 metros cúbicos.
Esta estrutura, além de tratar os efluentes industriais da Celtejo, trata ainda todos os efluentes das queijarias de Vila Velha de Ródão.
Contudo, o emissário dos efluentes é partilhado por três empresas de Vila Velha de Ródão, a própria Celtejo e outras duas, a Navigator e a Paper Prime.
Sofia Jorge, engenheira ligada ao setor ambiental da fábrica, deixou bem vincado o impacto económico que as recentes medidas do Governo estão a ter na Celtejo, nomeadamente a redução do caudal de efluentes em 50% durante 10 dias.
"A fábrica não pode continuar nestas condições. Deixa de ser viável se continuar assim", afirmou.
Esta responsável adiantou ainda que não foi dada qualquer justificação para a redução de 50% dos efluentes da fábrica de Vila Velha de Ródão.
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"Não estamos aqui para acusar ninguém. Mas muita coisa ao longo do rio [Tejo] deve ser verificada", frisou.
Sofia Jorge sublinhou também que a empresa é aquela que tem a licença ambiental mais restritiva, mas adiantou que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) é soberana.
"A empresa não tem multas, nem foi condenada. Neste momento, não conseguimos dar resposta aos nossos clientes [com a redução imposta]", sustentou.
O responsável pela comunicação da empresa, António Pedrosa, disse mesmo que a Celtejo tem sido alvo de discriminação e um pouco o "bode expiatório" daquilo que se tem passado no rio Tejo.
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