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Desobediência civil contra a cimeira militar

Sem montras partidas, cargas policiais ou pedido de licença para manifestação. O primeiro protesto anti-NATO animou o centro de Lisboa, com a polícia a abrir caminho

Lisboa sentiu o primeiro episódio de «desobediência civil» dos manifestantes que alarmam as autoridades. Mas o primeiro acto de «insubordinação» não teve montras partidas, confrontos ou intervenção policial. Só ritmos latinos, narizes de palhaço, cor e intervenções satíricas.

Na véspera da chegada dos grandes senhores do mundo a Portugal, um pequeno grupo de jovens portugueses e estrangeiros, ligados às Artes, desfilou em algumas artérias da Baixa Pombalina e do Rossio até Chiado, apelando ao fim da NATO. A única assinatura nos panfletos é de grupo denominado «Contra A Guerra Age» (C.AG.A.). Assumem todas as matizes da sigla, da ironia ao pacifismo. Frontalmente contra a actuação da Aliança Atlântica no Afeganistão.

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Não pediram autorização para se manifestarem, assumindo a desobediência civil, mas aceitaram articular o protesto com os agentes da autoridade, que foram surgindo no local. Começaram por ser observados à distância por dois elementos fardados, depois quatro, seis e finalmente dez. Nunca foi preciso qualquer intervenção. Os manifestantes foram sempre ordeiros, andaram nos passeios e até esperaram na passadeira pelo sinal verde. Quando chegaram ao elevador de Santa Justa cabiam todos na escadaria. Talvez até coubessem todos dentro do elevador.

Mas a mensagem passava. Sob a forma de panfletos, com mensagens fortes («Lisboa cheira a morte. A NATO anda por aqui»), ou através de um desconcertante personagem ficcional que, do alto do seu chapéu de soldado prussiano, agradecia o acolhimento da capital portuguesa e clamava: «Não chega para as escolas? Que não falte para submarinos!

Não dá para apoio social? Que não falte para aviões. Não dá para a saúde? Que não falte para mil cimeiras¿ Longa vida à guerra».

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A figura repetia o mesmo discurso em várias estapas do percurso, usando o megafone e nunca ouvindo palmas. Aliás, a curiosidade dos transeuntes dirigia-se mais para os ritmos dos tambores e para os narizes de palhaço do que para o conteúdo do protesto.

A MENSAGEM DE PEDRO LIMA, PORTA-VOZ DO C.A.G.A

Organizações demarcam-se de violência

Enquanto a temida desordem esperada com a cimeira não chega, repetem-se os apelos à Paz. E são várias as organizações que surgem a reivindicar a organização de manifestações pela paz, demarcando-se de qualquer eventual acção violenta.

Tendo em vista a manifestação do próximo sábado (15:00, Marquês de Pombal), que promete juntar milhares de pessoas, a Comissão Coordenadora da Campanha «Paz sim! NATO Não!» promoveu uma conferência de imprensa em que aproveitou para reafirmar essa mensagem de tranquilização e frontalmente contra a Cimeira da NATO. Aproveitou também para dizer que nada tem a ver com a Plataforma Anti-Guerra, Anti-NATO (PAGAN), que também está a organizar manifestações públicas, mas ¿ teme se possam revelar menos pacíficas.

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A MENSAGEM DE FILIPE FERREIRA, DO CONSELHO PARA A PAZ E COOPERAÇÃO

Refira-se, a propósito, que a mesma PAGAN já em Janeiro se tinha manifestado publicamente contra a NATO e a presença portuguesa no Afeganistão. Esta quinta-feira será dia para o seu primeiro protesto, com um treino de desobediência civil não violenta (16:00, Praço do Rossio).

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