Indiana Jones à portuguesa escavam os principais sítios arqueológicos de Trás-os-Montes perseguindo hipotéticos tesouros e destruindo, ao mesmo tempo, legados do passado, denunciou esta terça-feira à Lusa fonte do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR).
Segundo o arqueólogo Luís Pereira, neste afã aventureiro, estes autênticos «caçadores de tesouros» munidos de detectores de metais e pás, partem à procura de riqueza em legados antigos deixando, atrás de si, vestígios de destruição que começam a causar muitas preocupações.
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O responsável pela extensão, em Trás-os-Montes, do IGESPAR garante já ter encontrado vestígios desta prática que procura falsas riquezas em locais onde o único valor que existe é o testemunho histórico.
Um dos locais mais «atacados» nos últimos tempos é a gruta conhecida como Lorga de Dine, no concelho de Vinhais, no Parque Natural de Montesinho, um dos locais mais representativos do Calcolítico e da Idade do Bronze
As salas e galerias têm sido vandalizadas à procura de tesouros, acredita o arqueólogo.
A Câmara de Vinhais está a desenvolver um projecto de valorização do local, mas a sua protecção é complicada.
Ali habita uma colónia de morcegos protegidos que precisam de sair à noite, o que não permite fechar o acesso.
O comando distrital da GNR de Bragança garantiu à Lusa não ter registado qualquer queixa sobre esta actividade de rapina arqueológica, embora seja do conhecimento geral que algumas pessoas procuram e encontram objectos antigos.
O problema, segundo admitem as autoridades, é que estes sítios e achados arqueológicos são encarados como «propriedade de ninguém».
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Mas o arqueólogo Luís Pereira conhece o caso de um caçador de tesouros apanhado em flagrante, em Vila Real, que envolveu um colega e um amigo juiz.
Os dois foram visitar um sítio arqueológico e surpreenderam o indivíduo, que entregaram às autoridades.
Foi-lhe apreendido o detector de metais e aplicada uma coima, conforme determina a legislação.
Luís Pereira garante ter encontrado vários sítios escavados, no trabalho de levantamento e inventariação do património arqueológico de Trás-os-Montes, que coordena há dez anos.
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