O epidemiologista Massano Cardoso defendeu esta quarta-feira que a preocupação com a saúde das populações vizinhas das cimenteiras, onde está prevista a queima de resíduos perigosos, tem de ser efectiva e independente de decisões judiciais favoráveis à co-incineração.
«Há comprovadamente um défice de saúde nessas comunidades. Uma coisa é a decisão jurídica ou política, outra a questão dos princípios de defesa da saúde pública» disse à agência Lusa Salvador Massano Cardoso.
PUB
Co-Incineração autorizada na Arrábida
O também provedor do Ambiente do município de Coimbra e um dos rostos da contestação à co-incineração na cimenteira de Souselas considerou ainda que uma decisão jurídica como a tomada pelo Supremo Tribunal Administrativo - que deu luz verde à co-incineração na cimenteira da Secil, na Arrábida - «não significa que as pessoas deixem de se preocupar».
«Podemos é perguntar por que é que o Estado nunca tomou medidas para proteger a vida das pessoas [que residem junto às cimenteiras]. E como estamos num país de laxismo é provável que a questão morra».
A esse propósito Massano Cardoso recordou o estudo epidemiológico realizado em 2005 pela Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) que concluiu que a população de Souselas apresenta uma «prevalência padronizada das doenças respiratórias» duas vezes superior à média da região Centro (12,9 contra 5,8 por cento).
Segundo os dados do estudo, divulgado no início de 2006, os habitantes daquela freguesia apresentam uma percentagem quase três vezes superiores à média da região no que respeita a bronquite crónica ou doenças pulmonares crónicas obstrutivas.
A decisão do STA relativamente à queima de resíduos perigosos na cimenteira da Arrábida, esta quarta-feira conhecida, contrariou as decisões tomadas por tribunais de instância inferior, a exemplo do já sucedido no caso de Souselas, alvo de decisão similar em Novembro de 2006.
PUB