Em Dezembro do ano passado, havia 795 farmácias com fornecimentos suspensos por dívidas, o que traduz um aumento de mais de 200 por cento (%) no período de dois anos, segundo um estudo divulgado esta quarta-feira.
O estudo da Associação Nacional de Farmácias (ANF), que foi apresentado na Comissão Parlamentar de Saúde, revela que «o nível de endividamento ao sector grossista e de insolvência no sector de farmácias cresce continuamente», como noticia a agência Lusa.
PUB
Segundo o estudo, o número de farmácias com fornecimentos suspensos era de 255 em Dezembro de 2009, de 450 em Dezembro de 2010 e de 795 em Dezembro de 2011, o que traduz uma variação de mais 212% em dois anos.
No final de 2009, havia 121 processos judiciais em curso para regularização das dívidas, número que subiu para 287 no final do ano passado, uma variação de 145%.
Já o número e farmácias com um prazo de pagamento superior a 90 dias ascendia a 1.169 em 2011, mais 39% do que as 839 que estavam na mesma situação em 2009.
O presidente da ANF, João Cordeiro, considerou «urgente o Ministério da Saúde olhar para estes números», sublinhando que «a situação é muito grave».
«De um momento para o outro, pode gerar-se um efeito dominó. Há grossistas com fornecimentos cortados por parte da própria indústria farmacêutica», avisou o responsável.
Segundo João Cordeiro, as margens de lucro estão tão baixas que «já não há países de referência para escolher, que permitam reduzir mais os preços», sendo que a metodologia aplicada (em relação aos países de referência) «é só para baixar o preço, porque se for para subir já não é aplicada».
João Cordeiro referia-se ao memorando de entendimento assinado com a troika, que defende a alteração do «cálculo das margens de lucro para instituir uma margem comercial regressiva e um valor fixo para as empresas distribuidoras e para as farmácias, na base de experiência adquirida noutros Estados Membros».
PUB