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Cegueira: a dúvida entre não tratar e correr o risco

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Avastin é usado fora da indicação da farmacêutica, mas a alternativa é não fazer nada para salvar o doente. «Tratamento deve continuar», defendem médicos

É um problema que surge várias vezes ao dia em todos os hospitais. Existe um problema grave que precisa ser resolvido, não há tratamento, é preciso encontrar solução e surge um medicamento que aponta para uma alternativa, mesmo que não existam estudos científicos comprovados. A dúvida subsiste: não tratar ou correr o risco e encontrar uma solução para o doente?

Cegueira: Roche avisou para perigo

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O fármaco bevacizumab (denominado comercialmente como Avastin) foi utilizado no Hospital Santa Maria para tratar doentes com degenerescência macular, pois considera-se uma prática hospitalar, dado não existir outra solução. Essa é a realidade, o problema é quando existe um resultado indesejável, como o que aconteceu agora, com a cegueira dos pacientes.

Infarmed não comenta carta da Roche sobre Avastim

O Hospital de S. João, no Porto, também usa o Avastin para o tratamento de doenças oftalmológicas e vai continuar a fazê-lo porque a experiência tem sido positiva, assegura o Director do Serviço de Oftamologia. «O que aconteceu em Lisboa foi uma reacção alérgica a um acto cirúrgico. Podia ter acontecido com este medicamento ou com qualquer outro medicamento que é injectado dentro do olho. O que importa é separar as duas coisas, porque houve uma reacção alérgica a um acto cirúrgico e não necessariamente a um medicamento», explicou Falcão Reis à «Antena 1»

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Continuar a tratar os doentes

A situação foi vivida de forma alarmante, mas para os clínicos trata-se de um risco diário, pelo que é necessário observar esta problemática com algum distanciamento. Isto porque, apesar de a farmacêutica Roche ter desaconselhado o uso do Avastin em doenças oftalmológicas, a prática demonstra outro caminho, como reconhece Florindo Esperancinha, do colégio de oftalmologia da Ordem dos médicos

«O dinheiro não paga os olhos»

«O Avastin não foi estudado para ser aplicado dentro do olho, mas é aplicado em milhões de operações em todo o mundo. A alternativa que temos a estes doentes que têm infecção intra-ocular é não fazer nada, por isso muitas vezes utilizamos off label. A gestão de risco acontece com os médios todos os dias, em todas as circunstâncias», frisou, assumindo: «Acho que devemos continuar a tratar os nossos doentes»

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O mesmo entendimento tem o bastonário da Ordem dos Médicos, que aproveita para explicar a posição da Roche. «O que o laboratório afirmou foi que não se responsabilizou pelo seu uso na oftalmologia. Isto acontece muitas vezes quando um medicamento não é estudado para um uso específico. Há milhares de medicamentos que são estudados para uma situação e são usadas noutra, mas os laboratórios podem não assumir», vincou, acrescentando:

«Para dar uma ideia, não há nenhum medicamento que seja recomendado por nenhum laboratório para tratar casos graves de retinopatia diabética, o que levou à utilização deste medicamento. Os médicos, nessas circunstâncias, ficariam perante a hipótese de não tratar as pessoas mesmo sabendo que existem medicamentos que são eficazes».

Diferente é a posição do presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, que defende que o Avastin já não devia estar a ser usado em tratamentos oftalmológicos. Pedro Lopes garantiu à «TSF» que a carta foi enviada há algum tempo e a partir daí o medicamento devia ter deixado de ser usado nos tratamentos oftalmológicos.

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