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Garzón: Portugal atrasa equipas contra terrorismo

Juiz espanhol diz que lei portuguesa tem exigências que impedem a entrada imediata em funcionamento dos grupos conjuntos. Conselheiro do Governo de Madrid alerta que ameaças de Bin Laden contra Portugal são «a sério»

As equipas conjuntas de investigadores e magistrados portugueses e espanhóis só ainda não entraram em funcionamento devido a «trâmites que a legislação portuguesa requer». Quem o diz é o juiz espanhol Baltazar Garzón, acrescentando que a decisão política está tomada e justifica-se dada a ameaça terrorista.

Para o magistrado da Audiência Nacional de Espanha, «o esforço de combate ao terrorismo é sempre insuficiente». «Por mim as equipas conjuntas começariam a funcionar já na próxima semana», afirmou ainda Garzón, à margem do Congresso sobre «Terrorismo: desafios e respostas», na Universidade Nova de Lisboa, organizado Observatório de Segurança Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT).

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Questionado sobre a existência de células terroristas da ETA em Portugal, o juiz esclareceu que a informação «de que a ETA tenha utilizado Portugal como base para actuar em Espanha não é inverosímil», escudando-se no segredo da investigação para não adiantar mais pormenores.

«As autoridades dos dois países estão a actuar a nível policial e judicial», esclareceu. Em causa estão atentados praticados em Huelva, no Sul de Espanha.

Ameaças da al-Qaeda a Portugal «a sério»

Osama Bin Laden tem feito, desde 2006, ameaças com alusões recorrentes à reconquista do chamado «al Andaluz», que integra grande parte da Península Ibérica. Não são referências «míticas», mas ameaças reais e que Fernando Reinares, director do programa de terrorismo global, no Real Instituto Elcano, de Madrid, e um dos principais conselheiros do Governo espanhol, após os atentados de 11 de Março, define como «Jihad defensiva» na lógica de que «é um dever religioso de um muçulmano não permitir que uma parte desse mundo deixe de pertencer-lhe».

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«A ameaça poderá não ser iminente mas é seguramente muito persistente», refere.

Mais, esclareceu em declarações ao PortugalDiário, «é um erro pensar que os terroristas não praticam atentados nos países onde os preparam. Esse foi um erro cometido em Espanha» e do qual Portugal poderá tirar ensinamentos.

Refira-se que o nosso país tem sido considerado por autoridades policiais nacionais e estrangeiras como um local seguro para preparar atentados, seja pela introdução de armas ou pelos fluxos financeiros. «Não há motivos para pensarmos que Portugal não acolhe terroristas», admitiu.

Desde 2001, já foram detidos em Espanha 400 alegados terroristas no âmbito de 50 operações, algumas relacionadas com Portugal. Actualmente, há mil novos polícias seniores, naquele país, dedicados exclusivamente ao terrorismo da al-Qaeda.

«O terrorismo é a principal ameaça para Espanha, acima das alterações climáticas», avança. «Não é para menos. Nós já tivemos o 11 de Março!».

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