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Marinho Pinto acusa ministra de «diabolizar» apoio judiciário

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Bastonário da Ordem dos Advogados diz que consequências não são para os profissionais mas para as pessoas que não têm meios económicos para os contratar

Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, acusou esta quarta-feira a ministra da Justiça de «diabolizar publicamente» o sistema de apoio judiciário, em particular os «advogados que o prestam», em Angra do Heroísmo, nos Açores.

«Esta política de terra queimada que foi adoptada pela ministra contra a Ordem dos Advogados e contra os advogados vai ter consequências graves na administração da justiça», afirmou Marinho Pinto aos jornalistas no final de uma audiência com o representante da República para os Açores.

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Para Marinho Pinto, «as consequências não são para os advogados, como a senhora ministra, que fazem parte das grandes sociedades de Lisboa, que estão sempre bem com os negócios, mas para as pessoas que não têm meios económicos para contratar um advogado».

O bastonário, que se encontra nos Açores para reunir-se com os advogados do arquipélago, sublinhou que um dos principais problemas a resolver na região prende-se com a aplicação do «sexénio» (período de serviço por seis anos consecutivos) aos juízes.

«Essa regra existiu durante séculos e de repente acabou (1984) por comodidade dos magistrados, mas a permanência, para além daquele período numa comarca, traz graves prejuízos para a justiça», disse, acrescentando que «a permanência de um juíz no mesmo local por um grande período de tempo é prejudicial, uma vez que cria amizades, inimizades e ligações pessoais prejudiciais à justiça».

Segundo o bastonário, «nos Açores há cerca de 80% dos juízes nesta situação que já deveriam ter saído para rodar [em outras comarcas] para haver mais independência, isenção e mais objectividade».

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Marinho Pinto referiu ainda problemas ao nível do «acesso dos cidadãos à justiça, que não deve ser administrada segundo a capacidade económica das pessoas», bem como dificuldades «nas deslocações dos advogados entre as ilhas».

Por sua vez, Eduardo Vieira, presidente do Conselho Distrital dos Açores da Ordem dos Advogados, criticou o atraso nos pagamentos aos advogados, especialmente os mais novos, que dão apoio judiciário e fazem deslocações entre as ilhas.

«O pagamento deve ser efectuado ao fim de dois meses mas há quem espere dois e três anos pelo pagamento, o que significa que estão a financiar o Estado, o que é inadmissível», referiu.

Eduardo Vieira também defendeu que os juízes devem terminar o serviço ao fim de seis anos numa comarca, «porque é preciso preservar a aparência da justiça», salientando que «não se trata de dizer que o juiz não seja sério, mas a imagem que ressalta para o exterior é a de infidelidade e de falta de isenção».

O presidente da Ordem dos Advogados nos Açores criticou ainda «o sistema de lhes pagar subsídio de renda de casa quando têm casa própria», mas também o facto de «receberem subsídio de fixação como se estivessem [deslocados] no Extremo Oriente, coisa que nenhum açoriano tem».

Fonte oficial do Ministério da Justiça não se pronunciou, alegando que a posição oficial já foi anteriormente divulgada.

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