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"Já não se pensa só no adulto quando se fala de violência doméstica"

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Políticas contra violência doméstica também já se dirigem para as crianças, refere uma especialista da Universidade Fernando Pessoa

Face a essa constatação, o próprio Estado tem assumido essa perceção do risco de crianças expostas à violência entre pais, sendo até estas "as mais sinalizadas".

A investigadora na área da violência familiar, Ana Isabel Sani, afirmou esta sexta em Coimbra que se assiste a uma mudança na lógica de intervenção em vítimas de violência doméstica, com as políticas a serem também dirigidas às crianças.

"Já não se pensa só no adulto quando se fala de de violência doméstica", disse à agência Lusa Ana Isabel Sani, da Universidade Fernando Pessoa, considerando que, se a política antes estava "voltada para a vertente adulta", hoje "dirige-se também para os mais novos".

A "vitimação indireta das crianças", em que esta, estando num meio de violência, não é o alvo, pode "ter um impacto muito idêntico" a situações em que a criança é vítima de violência direta, contou.

As pessoas hoje "têm mais consciência" e as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) e as Escolas sinalizam hoje "mais casos", havendo uma maior aceitação de uma "lógica de intervenção mais direta" quando a criança está no centro da violência entre pais.

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Contudo, quando as crianças não são as vítimas diretas da violência, é mais difícil sinalizá-las, por os indicadores, como a tristeza ou a ansiedade, serem "menos visíveis", referiu à Lusa.

Ana Isabel Sani sublinhou também que os programas de intervenção, existentes maioritariamente quando a criança é o alvo, ainda "não estão generalizados" quando estas estão apenas expostas à violência.

Porém, o caminho a ser feito nesta área "já foi mais longo", realçou.

A investigadora falava à agência Lusa à margem das primeiras Jornadas Técnicas "Do (outro) lado da Família: (Des) Construir conceitos, estereótipos e relações", promovidas pela Rede Nacional de Centros de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (ReNCAFAP) e pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), local onde estão a decorrer.

Mónica Silva, da organização, referiu que as jornadas surgiram como um espaço para os técnicos e membros dos Centros de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP) poderem partilhar "experiências, ferramentas e conhecimentos" na área social.

Segundo a responsável, alguns dos CAFAP deparam-se com dificuldades no trabalho de articulação entre os diferentes atores, falta de "acesso à formação" e ainda não apresentam "uniformidade" no trabalho que desenvolvem.

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