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Coimbra: milhares de estudantes na rua

Cortejo da latada com cânticos, coreografias e até algumas críticas ao Governo

Milhares de estudantes participaram esta terça-feira à tarde em Coimbra no Cortejo da Latada, uma festa tradicional que assinala o acolhimento da comunidade estudantil aos novos estudantes da Universidade.

Eram cerca das 16:30 quando o cortejo formado no Largo D. Dinis, sob o olhar austero gravado em pedra do fundador da Universidade, começou a deslizar em direcção à baixa da cidade, junto ao rio Mondego.

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A abrir apresentou-se um pequeno grupo de Engenharia Electrotécnia que ostentava um andor decorado com uma pretensa réplica da torre da Universidade, seguindo-se outros, ao sabor da corrente, de distintas cores, em função das faculdades.

Tendo como ícones o penico, apito, chupeta e latas de refrigerante presas aos pés a fazer barulho, os estudantes apresentaram-se com as fatiotas mais bizarras que a sua imaginação, ou a dos seus «padrinhos», produziu.

Abelhas e outros insectos não facilmente identificáveis, «caloiros-edifício», guerreiros com elmos-penicos e escudos de cartão, felinos, operários da construção civil, coelhinhas da Playboy em versão feminina e transmutados do masculino em lingerie são exemplos das «figuras» que desfilaram pelas ruas.

As coreografias também iam variando, desde a marcha militarizada, passando pelas passos ritmados e bamboleantes, ou esvoaçantes, até às trôpegas a indiciar alguma inspiração induzida pelos aprovisionamentos de garrafas de cerveja ou dos garrafões de vinho que se viam passar.

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Os cânticos, por vezes quase hinos, surgiam aos ouvidos dos curiosos que se acotovelavam nas margens das ruas imbuídos de uma poética profundamente metaforizada, onde dominavam expressões de exaltação dos cursos em ligações simbióticas com as designações populares para a prostituta ou para os órgãos sexuais feminino e masculino.

Para que as gargantas se mantivessem pujantes, os «doutores» ajudavam a matar a secura dos «caloiros» com uns tragos de vinho, enquanto as «doutoras» se ocupavam da alimentação, sacando do nabo seguro entre as pastas académicas para eles poderem roer.

A espaços, no cortejo, surgia ténue alguma crítica à situação do ensino superior, em frases como: «vamos limpar o orgulho ao Gago» [numa alusão ao ministro do Ensino Superior], ao sistema de Bolonha, ou entrando no coro de críticas aos códigos Penal e de Processo Penal.

Um das críticas mais incisivas foi produzida por um grupo de estudantes de traje académico a empurrar um carro com um caixão em tamanho real.

À frente seguia um elemento trajado a negro, de capuz, e rosto pintado a branco empunhando o dístico: «Aqui jaz o ensino superior», seguindo atrás um outro elemento trajado de frade.

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