Já fez LIKE no TVI Notícias?

Nós, e Carolina

Ricardo Bexiga: um caso muito grave

«Eu, Carolina», o livro de uma mulher de 29 anos que se tornou famosa por ter vivido com o presidente de um dos grandes clubes portugueses, Pinto da Costa, serve, entre outras coisas, para a autora confessar que deu dinheiro a duas pessoas para que batessem num vereador socialista de Gondomar, Ricardo Bexiga, em Janeiro de 2005.

Em declarações prestadas nas últimas horas, um pouco por todo o lado, Carolina Salgado revelou uma conversa recente com o agredido e o arrependimento pelo que fez. Uma e outro estão escritos no livro.

PUB

A agressão a Ricardo Bexiga, principal opositor de Valentim Loureiro em Gondomar naquela época, é um acto particularmente grave num regime democrático. Não quero com isto afirmar que se tratou de um ajuste de contas político. Acho apenas que a investigação de uma queixa de um vereador autárquico, agredido de forma particularmente violenta e cobarde, deveria ser considerada prioritária pelas autoridades. Mesmo se feita contra «incertos».

E que vemos nós? Quase dois anos depois, nada de substancial aconteceu. Segunda-feira, Ricardo Bexiga lá irá outra vez ao Ministério Público, provavelmente com um exemplar da biografia de Pinto da Costa no «Sol» numa mão e o livro de Carolina na outra.

Num caso como este, em que uma pessoa confessa publicamente ter tido um comportamento tão evidentemente incorrecto (para dizer o mínimo), o que impede as autoridades de agir de imediato? O fim-de-semana prolongado?

O relato de Carolina sobre a agressão a Ricardo Bexiga é o ponto mais grave do livro. Não sei se algum dia a autora conseguirá provar que não foi dela a ideia e que não era seu o dinheiro que alegadamente serviu para pagar os agressores. Mas sei que esta história tem contornos especialmente graves e que adquiriram extraordinária dimensão pública esta semana. Se tudo isto terminar sem que alguém seja (pelo menos) levado a tribunal estaremos perante um evidente e despudorado convite ao ajuste de contas privado.

PUB

Por tudo o que está escrito no livro editado pela Dom Quixote, e pelo que a autora tem acrescentado e faz constar que pode acrescentar, este é o primeiro grande desafio ao novo Procurador da República. Se a lei dos tribunais for incapaz de agir, sobrará a outra, a dos mais fortes.

PS 1: A relação entre Pinto da Costa e Carolina Salgado é um problema de ambos. Que um dia tenham decidido colocar um cão dentro da taça dos campeões europeus e tirado uma foto para mais tarde recordarem continua a ser um problema deles e, eventualmente, uma ofensa a quem suou para ganhar a coisa. Ou talvez seja apenas um acto carinhoso de pessoas que se sentem bem na companhia de animais. Quero lá saber. Fundamental é exigir às autoridades que investiguem até ao fim e cheguem a conclusões sobre as partes do livro que indiciam a prática de ilícitos. Se pudesse ser depressa ajudava.

PS 2: No livro e nas entrevistas, Carolina Salgado refere que actuou no caso Bexiga como veículo de transmissão. E revela o nome da pessoa que, segundo diz, lhe pediu para pagar aos agressores. Por esta altura acredito que parte substancial dos portugueses já sabe de quem se trata. A autora não apresenta provas e até pode suceder que nunca tenhamos uma decisão judicial sobre isto. Uma acusação assim, escrita em livro e assumida publicamente pela autora, deveria ser tão facilmente amplificada pelos meios de comunicação? Teria sido uma interessante discussão, acredito. Fica para outro caso. Neste já não adianta.

PUB

Últimas