O Conselho Deontológico (CD) do Sindicato dos Jornalistas considerou esta sexta-feira que a cobertura noticiosa do processo Casa Pia é «paradigmática do pior que se faz em jornalismo» e põe em causa os princípios deontológicos do sector.
«A cobertura jornalística do caso Casa Pia é, desde a sua origem, paradigmática do pior que se faz em jornalismo. É uma cobertura que questiona a quase ou mesmo a totalidade dos princípios do Código Deontológico», afirma o conselho, em comunicado divulgado esta sexta-feira.
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Para o CD do Sindicato dos Jornalistas, em muitos casos a função do jornalista deu lugar ao exercício de mediação de mensagens, estando, nestas práticas, ausente demasiadas vezes a interpretação, a comprovação e a verificação dos factos.
«Seria estultícia negar a responsabilidade individual de jornalistas. Mas também seria inépcia ignorar que há factores que carreiam os modelos de comunicação que configuram essas coberturas jornalísticas», acrescenta.
O CD afirma ainda que muitas práticas foram alheias aos valores éticos e deontológicos da profissão e «exemplificam os efeitos da instrumentalização do jornalismo».
«Alguns dos directos televisivos e radiofónicos no decurso da leitura da sentença e os debates emitidos no rescaldo das condenações constituem peças exemplares que servem para demonstrar o que não é jornalismo», acusa.
Por isso, o CD exorta os jornalistas a refletirem sobre o trabalho produzido e as instituições que regulam as empresas de comunicação social a promoverem um debate sobre «estatutos editoriais e sobre as causas que condicionam a criação e funcionamento dos conselhos de redação».
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