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O presidente do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, admitiu, esta quinta-feira, processar os autores do estudo encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, cuja a análise apresenta esta unidade de saúde como estando minada pela corrupção.
“O que está em causa é toda uma instituição que é património de SNS e dos portugueses. Uma instituição como o [Hospital] Santa Maria não pode ser tratada desta forma, nem se pode reescrever a história”, disse Carlos Martins, em entrevista à agência Lusa.
Questionado sobre a intenção de processar a Fundação Francisco Manuel dos Santos, Carlos Martins foi perentório: “Não descarto nenhuma hipótese, nenhuma em absoluto”.
Segundo o estudo “Valores, qualidade institucional e desenvolvimento em Portugal”, encomendado pela fundação, o Hospital de Santa Maria está minado por uma teia de interesses e lealdades a partidos políticos, à maçonaria e organizações católicas.
“A Maçonaria, a Opus Dei e a ligação a partidos políticos ainda são três realidades externas que intersetam a esfera do Hospital de Santa Maria”, refere o estudo.
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“Surpresa porque, de acordo com o compromisso assumido pela equipa de investigadoras com esta instituição, o estudo tinha um âmbito académico, um grau elevado de confidencialidade, seguia as boas práticas científicas e seria do conhecimento do conselho de administração o seu relatório preliminar”, disse à Lusa.
“Mais lamentável é que se coloque em causa, perante um país, uma instituição com 60 anos de serviço público”, afirmou.
“Quem diz que a instituição está órfã e está capturada tem de provar”, sublinhou.
“Sei que, internamente, também é um momento com uma temperatura mais elevada, já que há eleições para a faculdade [de Medicina] – também visada no estudo – e o conselho de administração termina o seu mandato no final do ano”.
“Não acredito que há bruxas, mas começam a existir circunstâncias demasiado estranhas”, desabafou.
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Entretanto, um comunicado, a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa veio esclarecer que o estudo em causa “é da exclusiva responsabilidade dos investigadores envolvidos e não reflete a posição institucional desta universidade”.
Também a organização Opus Dei desmentiu “categórica e integralmente” as afirmações que constam do estudo de que nos processos de nomeação dentro do Hospital de Santa Maria interferem "dinâmicas externas próprias à sociedade portuguesa — como (...) a Opus Dei".
Fundação recusa comentar eventual processo judicial“Não me vou referir a processos judiciais dos quais não tenho nenhum conhecimento neste momento. Este estudo tinha um objetivo que era estudar a qualidade das instituições portuguesas. Seguiu o método etnográfico, chegou a bom porto, tem as suas conclusões publicadas, acho que se cumpriu a missão”, disse Nuno Garoupa.
Questionado sobre a intenção do Hospital de Santa Maria de processar a Fundação Francisco Manuel dos Santos, Carlos Martins foi perentório: “Não descarto nenhuma hipótese, nenhuma em absoluto”.
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Nuno Garoupa afirmou que, quer as reações da Opus Dei, quer do Hospital de Santa Maria “não surpreendem no sentido em que são agentes do espaço público visados no trabalho e é normal que reajam ao trabalho”.
“O que não faz sentido é dizer que um estudo ia ser confidencial, a fundação não faz estudos para eles serem confidenciais. O que não quer dizer que as conclusões do estudo tenham de agradar a todos”, declarou o responsável,
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