Já fez LIKE no TVI Notícias?

Lisboa: moradores bloqueiam via contra fim de autocarro no bairro

Relacionados

Protesto aconteceu no Bairro do Calhau, que vai ficar sem transporte

Cerca de 50 moradores do Bairro do Calhau, em Lisboa, manifestaram-se hoje contra a alteração do trajeto do autocarro 70 da Carris, o único que serve aquela zona e que a partir de sábado deixa de lá passar, noticia a Lusa.

O protesto, marcado para as 18:00, consistiu em bloquear a passagem do último autocarro a percorrer a rua António Macedo, exigindo os utentes daquela carreira falar com um representante da administração da Carris, como comunicaram aos sete agentes da PSP que acorreram ao local para desobstruir a via pública, o que aconteceu pacificamente.

PUB

Os utentes do autocarro 70 estão ainda mais revoltados pelo facto de este ser o único transporte público a servir o Bairro do Calhau e de a Carris, ao comunicar o fim daquele troço do trajeto, ter sugerido, como alternativa, que os moradores passem a andar a pé.

Para isso teriam de utilizar uma ponte pedonal, que se situa a uma distância considerável, atravessando a radial de Benfica e a linha de comboio entre as estações de Benfica e Sete Rios.

«São pelo menos 25 minutos a pé», disse à agência Lusa Ana Albuquerque, 38 anos, residente no bairro.

Acresce, explicou, que se trata de um bairro isolado, sem mercearias, supermercados ou farmácia, cuja população é maioritariamente idosa ¿ logo, com mobilidade reduzida ¿ e que ficará cada vez mais dependente da bondade dos vizinhos para ter acesso a bens essenciais, como comida e medicamentos.

«Há pessoas que vão ficar prisioneiras do bairro», comentou outra moradora, Manuela Matos, 72 anos.

«Se me tirarem o autocarro, já daqui não saio», afirmou, de bengala, Margarida Oliveira, 85 anos, dando razão à vizinha.

PUB

No percurso da ponte pedonal coloca-se igualmente a questão da segurança, levantada por vários dos moradores que se concentraram junto à paragem do autocarro à espera que este chegasse.

«Vimos carregadas com as compras e com os netos e sempre com medo, sempre a olhar para trás. Se nos dão um empurrão, lá vai a gente...», sublinhou outra moradora.

Outra vizinha disse, quase em surdina: «Eu fui ali violada. Como é que vou deixar as minhas três filhas fazerem aquele caminho sozinhas?».

Em comunicado hoje enviado à agência Lusa, a Quercus ¿ Associação Nacional de Conservação da Natureza solidarizou-se com os utentes do autocarro 70, que efetua o percurso Serafina¿Espaço Monsanto e vai deixar de circular pelo Bairro do Calhau/Parque do Calhau, Parque da Serafina e Espaço Monsanto.

«Estas reestruturações [da oferta de serviços das redes metropolitanas de transportes públicos de passageiros] têm impactes negativos na qualidade de vida das pessoas e para o ambiente», levando à utilização do transporte individual ¿ para quem o tem ¿ por inexistência de alternativa, lê-se no documento.

Também o CAAL ¿ Clube de Atividades ao Ar Livre e a ASPEA ¿ Associação Portuguesa de Educação Ambiental se juntaram à Quercus na solidariedade com as preocupações manifestadas pela população.

Estas duas organizações propõem-se «efetuar uma exposição à Carris e à Câmara Municipal de Lisboa sobre a reestruturação nas carreiras e implicações na mobilidade» em data a anunciar.

PUB

Relacionados

Últimas