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«Carlos Cruz é a grande figura deste julgamento»

Mas há outra. «É a Justiça. Só que esta faz uma triste figura», diz advogado

Primeiro era apenas amigo de Carlos Cruz, mas depois passou também a advogado. António Serra Lopes misturou os afectos com o trabalho e, a quem lhe pergunta, continua a garantir: «A minha nota de honorários para ele é zero».

E se o julgamento faz três anos, o advogado da figura mais mediática do processo não esquece o dia 31 de Janeiro de 2003 em que assumiu a defesa do amigo. «Já lá vão quase cinco anos», sublinha.

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«A Justiça portuguesa é isto mesmo que se está ver. Ai dos pobres diabos que têm de esperar por ela .. . .não é admissível, é uma vergonha».

Ao mesmo tempo admite que nesta marcha lenta também os advogados não estão isentos de culpa. «Num caso ou noutro» as defesas também requereram diligências que serviram para atrasar ainda mais o processo.

Mas, justifica, «é preciso não esquecer que este processo foi tratado, quer pelo procurador quer pelo juiz de instrução criminal, na fase de inquérito, com grande malícia e perversidade».

Malícia? Perversidade? «Não estou a falar em dolo, em intenção de prejudicar, mas houve malícia e perversidade na forma como este processo foi conduzido, em algumas diligências que foram requeridas», insiste o causídico, que prefere não exemplificar.

Há duas «grandes figuras» neste processo

Ao fim de três anos de julgamento «as pessoas estão cansadas e a paciência esgota-se». «Como é que me vou lembrar que há três anos fizeram uma pergunta idêntica ao arguido?», ironiza.

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Serra Lopes, que partilha a defesa do ex-apresentador com o colega Ricardo Sá Fernandes, esteve afastado durante «cinco a seis meses» porque «tinha outro processo muito complicado a tratar». Os colegas têm aguentado todo o restante trabalho do escritório.

Descartada por completo a hipótese de o processo chegar ao fim em 2007, «é completamente impossível», Serra Lopes já começa, apesar de tudo, a ver uma luz ao fundo do túnel «2008? É bem provável que sim».

«Acredito piamente que o Carlos Cruz vai ser declarado inocente e só por isso tomei conta deste processo». Nem outra coisa se esperaria de um advogado/amigo. Ao mesmo tempo Serra Lopes também admite ouvir «os boatos da rua» e também confessa saber que, para a « vox populi», a absolvição do tribunal pode nunca apagar a dúvida que paira no ar.

É o preço a pagar pelo «tempo infindável» a decidir quem é culpado ou inocente. «Todo esse tempo serve para alimentar os mais desencontrados boatos», diz.

«Uma pessoa normal teria dado em doida», mas o «Carlos aguentou-se com muita força. Era a pessoa mais popular do país. Tinha 59 anos quando se abateu sobre ele a tempestade. Aguentou-se com toda a força. Agora tem 64 anos. Continua de pé. Neste momento deve estar em casa a estudar o seu próprio processo», sugere o causídico.

Para Serra Lopes «o Carlos Cruz é a grande figura deste julgamento. Mas há outra. É a Justiça. Só que esta faz uma triste figura».

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