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Casa Pia: «Gostava de os ver despidos»

Catalina Pestana defende testemunhas do processo e deixa um recado «aos que gritam a sua inocência»

«Eu fiz um juramento a mim própria e cumprirei. Prometi gastar o resto da minha vida a limpar o nome de algum inocente envolvido neste processo. Até agora não o fiz», afirmou a ex-provedora da Casa Pia de Lisboa, que participou esta terça-feira num workshop na conferência internacional «Cuidar a Criança: inovação e desafios», organizada pela Rede de Cuidadores que fundou e que decorreu, durante dois dias, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Catalina Pestana foi ainda mais longe: «A quem grita inocência eu gostaria de os ver despidos e constatar que algum dos miúdos mentiu. Porque pelas descrições que me foram feitas, eu conheço o corpo de cada um como um mapa. E não interessa que as perícias, que se realizaram demasiado tarde, tenham permitido a realização de operações estéticas porque, mesmo assim, ainda se notava alguma coisa».

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E a efabulação?

A ex-provedora da Casa Pia respondia a uma questão colocada por Margarida Sousa Uva, mulher de Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia. Membro da Comissão de Honra da Rede de Cuidadores, Margarida Sousa Uva quis saber como a ex-responsável pela instituição, perante as muitas teorias de efabulação das crianças em casos de abusos, tinha conseguido perceber se os jovens estavam ou não a mentir.

«Também ouvi muitas histórias não verdadeiras, principalmente de adultos depois de ouvirem falar em indemnizações», reconheceu Catalina Pestana. «Revelaram-me abusos com mais de 30 anos que nunca tinham contado, mas a lei das indemnizações prescreve ao fim de 20».

Em seguida, a ex-provedora confessou que ficou «muito sozinha neste processo», mas não fez mal, porque também ganhou «muitos amigos». «Os ex-alunos não apontaram só A, B, ou C. Foram ouvidos uma média de 12 vezes, por 12 entidades diferentes», lembrou. «Está-se mesmo a ver que conseguiam manter a coerência de um discurso, durante dois anos, perante tantas entidades como polícias, técnicos ou especialistas de medicina legal», ironizou.

«Há testes científicos que podem indicar a efabulação», explicou Catalina Pestana, «e estes jovens foram sujeitos a duas baterias de testes. Uma das vezes contra minha vontade e, se fosse provedora nessa época, não teriam feito os segundos», lembrou.

Reconhecendo que não era especialista na área, a ex-provedora usou a sua experiência no processo Casa Pia para um workshop denominado «Se não acreditarmos neles, quem acreditará». Com todos os presentes foram partilhadas histórias e experiências de quem procura a verdade na voz das crianças abusadas sexualmente.

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