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Santos e Raínho: os polícias que morreram a perseguir ladrões

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Famílias dos dois agentes falecidos devem receber cerca de 110 mil euros. Dois suspeitos do furto que originou a perseguição vão ser presentes a tribunal esta quinta-feira. Mais do que lamentações, Associação Sindical quer ver medidas concretas para proteger esta «profissão de risco»

As famílias dos dois polícias devem receber um subsídio de cerca de 110 mil euros, assim como apoio psicológico. Além deste subsídio, que foi concretizado em lei pelo então ministro da Administração Interna António Costa, em 2005, têm ainda direito a uma «pensão de sangue» que deverá cobrir as primeiras dificuldades, como o pagamento dos funerais. Quanto aos dois suspeitos que foram detidos pouco depois do acidente com o comboio, num canavial perto da linha, têm 17 e 20 anos e vão ser ouvidos em tribunal pelo crime de furto em residência. Ambos já têm antecedentes criminais pelos crimes de roubo e furto e, segundo o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, . Os dois detidos vão ser presentes ao Tribunal da Comarca Lisboa Norte - Loures, esta quinta-feira, pelas 10h00, para primeiro interrogatório judicial e aplicação das respetivas medidas de coação. Mais do que palavras de lamento, o presidente da ASPP deseja que, da tragédia desta quarta-feira, possa nascer a motivação para alterar a lei. A Associação Sindical está a efetuar uma petição pública pelo reconhecimento da polícia como profissão de risco e apela aos cidadãos para irem a uma esquadra com representante sindical e assinarem, para que o assunto seja debatido no Parlamento.

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Eram 11:30 da manhã desta quarta-feira quando a PSP foi chamada por causa de um assalto a uma residência na Bobadela. Os suspeitos estavam a fugir a pé, perto da linha férrea por onde todos os dias passam dezenas de comboios. Os agentes Santos e Raínho foram uma das várias equipas a acorrer ao local.

De acordo com as informações recolhidas pela TVI24, os dois polícias terão abandonado o carro-patrulha para fazer a perseguição a pé. Santos, de 23 anos, natural de Elvas, e Raínho, de 26 anos, natural de Vila Franca de Xira, ambos da esquadra de São João da Talha, acabaram por ser colhidos mortalmente por um comboio Intercidades da CP.  

 
 
   

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No caso destes dois jovens agentes, com poucos anos de serviço e cujo salário rondava os 900 euros por mês, essa pensão será de 6 vezes esse valor, ou seja, cerca de 5400 euros, explicou à TVI24 o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Rodrigues, referindo ainda que a Direção Nacional da PSP irá efetuar agora um processo de averiguações.

«É preciso avaliar e reunir provas de que ambos estavam em serviço. Vão ver as escalas, as comunicações de rádio, para perceber se receberam ou não ordem de perseguição e como acabaram por morrer. O processo é feito para que não haja dúvidas do Gabinete de Deontologia e Disciplina na altura de apresentar o caso ao Ministério da Administração Interna, que decidirá, então, a atribuição do subsídio».

já estiveram envolvidos noutra fuga à polícia

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Contactado pela TVI24, o advogado Paulo Saragoça da Mata confirmou que, a provar-se que os dois jovens não tiveram interferência direta no sinistro, não estará em causa nenhum crime relacionado com a morte dos dois agentes.

«Se vinham em simples fuga, se houve uma interferência externa no âmbito de uma perseguição, não me parece que lhes possa ser imputado qualquer crime a não ser os anteriores».

Apesar de tudo indicar ter-se tratado de um acidente, Paulo Rodrigues, da ASPP, lamenta que o Estatuto do Pessoal da PSP não preveja, à partida, que esta é «uma missão de risco», dando mais «garantias» aos agentes, «como acontece na PJ e no SEF».

«Somos tratados todos como administrativos, mas, com muito respeito pelos administrativos, uma coisa é estar sentado na secretária das 9:00 às 17:00, e outra é andar aos tiros atrás de criminosos».

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«Normalmente, vemos os Governos e o poder político a lamentar a morte de agentes com palavras de circunstância e depois não reconhecem a polícia como uma profissão de risco. Nestas alturas lamentam muito, e nós gostamos de ver o seu lamento, mas gostaríamos que amanhã estivessem a preparar a alteração legislativa que protegesse os polícias».

«Já recolhemos sete mil assinaturas, mas queremos mais. Ninguém tem dúvidas do risco desta profissão. Os polícias são cidadãos que merecem ser reconhecidos pela sua missão».

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