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Detritos podem contaminar água

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A Quercus não tem dúvidas sobre «o risco» de contaminação do rio Zêzero por detritos de arsénio-pirite que escorrem para a barragem de Castelo de Bode e pediu uma avaliação à Inspecção-Geral do Ambiente.

Ao PortugalDiário, o ambientalista Francisco Ferreira confirmou a notícia do Sol que dá conta que os 400 toneladas de detritos de arsénio, uma substância cancerígena, podem escorrer das Minas da Panasqueira para o rio Zêzere na sequência das fortes chuvadas, vindo a contaminar as águas da barragem de Castelo de Bode, que abastece a Grande Lisboa.

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Segundo Francisco Ferreira, o período de contaminação estende-se a médio ou longo. «O problema é o enriquecimento dos sedimentos da albufeira de Castelo de Bode», refere, acrescentando que «este é um tipo de poluição de efeitos crónicos».

Estes poluentes de bioacumulação farão com que a água perca qualidade, afirma ainda o ambientalista da Quercus que refere a solução: «a zona de escombreira, onde estão os taludes, deve ser condicionada e imperbilizada, de forma a não sofrer erosão e, por sua vez, conter os detritos, que tendem a escorrer para o Zêzere».

Francisco Ferreira diz ainda que «a monitorização, quer da contaminação microbiológica, quer de metais pesados (como é o caso do arsénio-pirite) é feita pelas entidades competentes» e refere que a Quercus não tem queixas a fazer, mas avisa para uma maior atenção ao problema.

O Sol garante que o ministro do Ambiente, Nunes Correia, considerou a situação grave, e ordenou a interdição imediata de toda a zona das escombreiras e o corte da circulação de veículos no coroamento do aterro da barragem, o que, passado cinco meses, ainda não aconteceu. Ainda segundo o semanário, Nunes Correia considerou, em despacho publicado a 11 de Maio, que «as escombreiras e a barragem de lamas, constituídas por materiais finos, incluindo metais pesados, apresentam níveis de toxicidade elevados, associados a sinais graves de instabilidade que podem colocar em risco a segurança das pe ssoas e bens».

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O ministro alertou para a «possível contaminação das águas do rio Zêzere» e atribuiu a responsabilidade pelo controlo das escombreiras e da barragem de lamas à Câmara do Fundão e à Beralt Tin & Wolfram S.A. (concessionária da Minas da Panasqueira).

Contudo, o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro negou hoje que as 400 toneladas de arsénio-pirite possam escorrer para o Rio Zêzere. «As substâncias arsénio-pirite não escorrem para o Rio Zêzere nem podem chegar à barragem de Castelo de Bode, porque estão defendidas das alterações climatéricas», disse à Lusa José Manuel Martins, lembrando que nesta zona do rio não há produção industrial.

Também o vereador Paulo Fernandes, da Câmara do Fundão, desmentiu hoje à Lusa que haja fendas abertas no monte que façam escorrer aquelas substâncias para o Rio Zêzere, junto à Panasqueira. «É um absurdo, porque a arsénio-pirite está num aterro impermeabilizado. A chuva só movimentou alguns dos terrenos que o cobrem», refere o autarca. «Os pequenos deslizes são dos escombros e não sendo completamente inócuos não têm grande perigosidade pela forma como estão guardados», garantiu José Manuel Martins.

Para o vice-presidente da comissão, as chuvas provocam muitas vezes pequenos deslizamentos que impedem que o canal junto ao rio recolha a escorrência. Mas às escorrências junta-se um produto químico para anular os materiais perigosos que os deposita no fundo da água em forma de lama.

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