Os alunos alentejanos são os que mais copiam, de acordo com um estudo realizado em dez universidades portuguesas. No extremo oposto, como os mais bem classificados, surgem os açorianos: metade garante que não usa cábulas nos exames.
Um estudo realizado nas universidades públicas dos cursos de Economia e Gestão, publicado no mês passado no Journal of Academic Ethics, entrevistou 2675 alunos: dois em cada três admitiram copiar.
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Recorrer a métodos ilícitos para conseguir tirar boas notas é uma prática que vai aumentando consoante os alunos se vão aproximando do final do curso.
« Nota-se um aumento de comportamento desonesto nos anos finais do curso. Penso que isto será resultado da pressão para ter boas notas e entrar no competitivo mercado de trabalho», disse à agência Lusa Aurora Castro Teixeira, uma das autoras do estudo.
Mas, salientou a investigadora, existe «uma grande diferença» entre homens e mulheres: «Os rapazes têm uma propensão à cópia em 20 por cento acima das raparigas.»
Outra das revelações do estudo é a «grande heterogeneidade em termos de regiões». «Os alunos residentes no Alentejo aparecem com uma propensão à cópia muito superior», contou a autora do estudo, que indica que oito em cada dez alentejanos são cábulas.
Neste ranking, são os alunos originários das ilhas que surgem como os mais cumpridores das regras: metade dos açorianos diz que nunca copia, logo seguidos por 41,7 dos madeirenses. Todos os outros assumem fazê-lo.
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No Continente, «as zonas do interior aparecem com índices mais elevados em contradição com o litoral», onde 40 por cento de alunos respondem aos exames sem recorrer a ajudas externas».
As investigadoras quiseram perceber outras causas que poderiam potenciar práticas ilegais nos exames e concluíram que contextos mais permissivos levavam a índices mais elevados de «copianço».
Os institutos que sensibilizam os alunos para as questões de ética ou que têm códigos de honra ¿ só há um - revelam-se mais bem sucedidos.
«A média nacional ronda os 60 por cento, mas naquele organismo que tinha um código de ética a média é abaixo de 40 por cento», lembrou a investigadora, salientando que além de «padrões de ética muito mais exigentes» havia sanções «extremamente eficazes» para quem era apanhado a copiar.
A grande maioria entende que ser apanhado não traz grandes consequências e talvez também por isso cerca de metade dos alunos (51,4 por cento) consideram que copiar não é um acto grave nem com muita relevância.
Mais do que uma questão moral, a presença de vigilantes nas salas de exames é considerada por muitos como dissuasora. Aurora Teixeira diz que «os alunos que mais copiam são os que consideram que os vigilantes são dissuasores e que assumem que se tivessem menos vigilantes estudavam menos».
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